Achei que estava bem na
foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase não havia cabelos
brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje, era a
fotografia de um jovem.
Tinha cinquenta anos
naquela época, entretanto, idade em que me considerava bem distante da
juventude.
Se me for dado o privilégio de chegar aos noventa em pleno domínio
da razão, é possível que uma imagem de agora me cause impressão semelhante.
O envelhecimento é sombra
que nos acompanha desde a concepção: o feto de seis meses é muito mais velho do
que o embrião de cinco dias.
Drauzio Varella
#arte de envelhecer