ainda e sempre Marielle
Quando se fala em política, estamos todos de acordo em pelo menos um ponto: ninguém mais aguenta a velha guarda que governa pra si mesmo, fazendo alianças indecentes com o único propósito de se manter no poder, sem se dedicar um segundo ao bem público e social. Ratazanas carcomidas pelo tempo, sustentando sobrenomes que são sinônimos de corrupção e com credibilidade zero junto à quem interessa, o povo a quem deveriam servir. O que o brasileiro quer? Renovação na política, gente comprometida com o avanço e a ética, um olhar novo para velhos problemas. Então surge Marielle, representante dos que quase não têm voz, negros, pobres e gays. Sorriso verdadeiro no rosto, idealista, valente, jovem. E é abatida em pleno voo. Derrota nacional. Alguém que combatia a violência é calada pela violência. A democracia morre um pouco junto com ela.
Quando se fala em política, estamos todos de acordo em pelo menos um ponto: ninguém mais aguenta a velha guarda que governa pra si mesmo, fazendo alianças indecentes com o único propósito de se manter no poder, sem se dedicar um segundo ao bem público e social. Ratazanas carcomidas pelo tempo, sustentando sobrenomes que são sinônimos de corrupção e com credibilidade zero junto à quem interessa, o povo a quem deveriam servir. O que o brasileiro quer? Renovação na política, gente comprometida com o avanço e a ética, um olhar novo para velhos problemas. Então surge Marielle, representante dos que quase não têm voz, negros, pobres e gays. Sorriso verdadeiro no rosto, idealista, valente, jovem. E é abatida em pleno voo. Derrota nacional. Alguém que combatia a violência é calada pela violência. A democracia morre um pouco junto com ela.
Mas há uma luz. Afora os
covardes que tentam responsabilizar o cadáver por sua própria morte, este crime
teve um componente agregador, já que apartidário: a esquerda e a direita se
indignaram juntas, houve um princípio de união contra um fato claramente
repulsivo para todos. Se antes Marielle trabalhava pelo Rio, depois de morta
passou a trabalhar pelo Brasil todo, e eu, que tenho parentesco com Polliana,
cheguei a pensar: quem sabe?
Quem sabe a elite, essa
bolha que se refestela no alto da pirâmide, se dá conta de que precisa descer
até a base para trocar ideias com a maioria dos brasileiros? Quem sabe a gente
começa a estudar mais sobre nossas origens e abole de vez os preconceitos? Quem
sabe a gente chega mais perto deste país, não através dos noticiários, mas
visitando suas entranhas?
Gerar empatia com os
desfavorecidos. Repensar nossos valores. Reconsiderar nossos ultimatos: será
mesmo que todo brasileiro é vagabundo ou ele não teve oportunidades? Nós, da
elite, nem sonhamos o que é ser considerado bandido antes mesmo de abrir a
boca. Nossas roupas, nossos carros, nossa cor, tudo nos ajudou - e que vexame:
muitos se aproveitaram dessa vantagem para roubar, saquear o país. Vide
Brasília, vide quem a Lava Jato prendeu. Só branco e rico.
Em vez de compartilharmos
denúncias inverídicas e piadinhas cretinas, deveríamos elogiar todo projeto que
seja de inclusão. Fazer um chamamento para propostas que unifiquem o país.
Imagine a elite liderar a luta por igualdade. Seria uma revolução de primeira
página, a utopia master, a prova de que a humanidade tem salvação. Porque se
quem tem o poder intelectual e financeiro do país cruzar os braços, o Brasil
morre com Marielle.
Ela, ainda ela, que ao
fim e ao cabo pode representar um começo.
#pra não dizer que não falei do assunto