"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 22 de março de 2018

eu e ela



Um dia ela chegou sem pedir licença. Não era noite nem dia. Era só um tempo comum. E ela  entrou porta adentro em minha vida. Não me perguntou se eu queria, não me apresentou as estatísticas, não fez sequer uma introdução. Simplesmente chegou.
E eu, num misto de pavor e total despreparo, fui arrebatada ao chão em pleno vôo. Mal sabia eu, naquele momento, que ela não tinha a menor pressa. Ela era a minha menopausa, embora eu não quisesse que fosse, nem minha, nem de ninguém; e eu era apenas uma jovem mulher que ainda queria muito da vida. Começava ali a maior batalha de toda a minha existência.

Não eu não queria retardar o tempo. Muito menos esconder a minha idade ou ser agraciada pelos deuses com a eterna juventude. Sempre gostei de mim na atualidade e acredito que a experiência de viver é o melhor antídoto para combater a perda do frescor que, inevitavelmente se vai. Mas daí a aceitar que ela (a menopausa) e a sua capacidade de dissecar  nossas faculdades mentais me vencessem, aí era demais.

Quanto mais ela me derretia de calor, mais eu me refrescava de pessoas queridas. Quanto mais ela secava-me por dentro, mais eu busquei saídas para renovar a minha seiva. Quanto mais ela me deixava irritada, nervosa, cansada, exaurida... mais eu meditava e acreditava que poderia vencê-la.

Demorou, mas um dia ela se foi. E eu pude viver de novo, mais leve, mais livre, mais conhecedora de mim, mais autêntica, mais crente nas minhas capacidades.

Se eu voltei a ser a mesma de antes? Claro que não! A vida é roda que só gira para a frente. Hoje eu sou muito melhor!

E o mais incrível de tudo isso é que hoje eu percebo o quanto eu só consegui fazer tudo isso porque ela (a menopausa) me provocou.

E é por isso que a minha causa é falar de menopausa para todas as mulheres do mundo. É dizer a todas as mulheres que estão no meio da batalha ou prestes a enfrentá-la, que não desanimem! Não desanimem, não entreguem as suas vidas, não fechem as gavetas dos seus sonhos.

Existe vida após a menopausa. Existe amor após a menopausa. Existe alegria de viver dentro de cada uma nós, independente dos hormônios, independente do outro.