Um dia ela chegou sem
pedir licença. Não era noite nem dia. Era só um tempo comum. E ela entrou porta adentro em minha vida. Não me
perguntou se eu queria, não me apresentou as estatísticas, não fez sequer uma
introdução. Simplesmente chegou.
E eu, num misto de pavor
e total despreparo, fui arrebatada ao chão em pleno vôo. Mal sabia eu, naquele
momento, que ela não tinha a menor pressa. Ela era a minha menopausa, embora eu
não quisesse que fosse, nem minha, nem de ninguém; e eu era apenas uma jovem
mulher que ainda queria muito da vida. Começava ali a maior batalha de toda a
minha existência.
Não eu não queria
retardar o tempo. Muito menos esconder a minha idade ou ser agraciada pelos
deuses com a eterna juventude. Sempre gostei de mim na atualidade e acredito
que a experiência de viver é o melhor antídoto para combater a perda do frescor
que, inevitavelmente se vai. Mas daí a aceitar que ela (a menopausa) e a sua
capacidade de dissecar nossas faculdades
mentais me vencessem, aí era demais.
Quanto mais ela me
derretia de calor, mais eu me refrescava de pessoas queridas. Quanto mais ela
secava-me por dentro, mais eu busquei saídas para renovar a minha seiva. Quanto
mais ela me deixava irritada, nervosa, cansada, exaurida... mais eu meditava e
acreditava que poderia vencê-la.
Demorou, mas um dia ela
se foi. E eu pude viver de novo, mais leve, mais livre, mais conhecedora de
mim, mais autêntica, mais crente nas minhas capacidades.
Se eu voltei a ser a
mesma de antes? Claro que não! A vida é roda que só gira para a frente. Hoje eu
sou muito melhor!
E o mais incrível de tudo
isso é que hoje eu percebo o quanto eu só consegui fazer tudo isso porque ela
(a menopausa) me provocou.
E é por isso que a minha
causa é falar de menopausa para todas as mulheres do mundo. É dizer a todas as
mulheres que estão no meio da batalha ou prestes a enfrentá-la, que não
desanimem! Não desanimem, não entreguem as suas vidas, não fechem as gavetas
dos seus sonhos.
Existe vida após a
menopausa. Existe amor após a menopausa. Existe alegria de viver dentro de cada
uma nós, independente dos hormônios, independente do outro.