“Nunca entre num lugar de onde tão poucos conseguiram sair”,
alertou Adam Smith. “A consciência tranquila ri-se das mentiras da fama”,
cravou o romano Ovídio. “Corrupção é o bom negócio para o qual não me
chamaram”, ensinou o Barão de Itararé.
E na contramão de todos está alguém que abriu mão de si mesmo
pelo poder. Lula construiu uma história de vida capaz de arrastar emoções e o
levar à presidência. Agora, de modo desprezível, o mesmo Lula destrói-se por
completo.
Não é preciso resgatar o tríplex, o sítio ou os R$ 30 milhões
em “palestras” para atestar a derrocada do ex-presidente. Basta tão somente
reparar a figura pitoresca na qual Lula se tornou.
O operário milionário sempre esbanjou o apoio popular e tomou
para si o mérito de salvar o país da miséria. Contudo, junto disso, entregou-se
aos afetos das maiores empreiteiras, não viu mal em lotear a máquina pública,
nem constrangeu-se em liderar uma verdadeira organização criminosa.
Sem hesitar, brincou com os sonhos do povo e fez de seu
filho, ex-faxineiro de zoológico, um megaempresário. Aceitou financiamentos
regados a corrupção, fez festa junina pra magnatas e mentiu, mentiu e mentiu. O
resultado, enfim, chegou: ao abrir mão de si mesmo, Lula perdeu o povo.
Pelas ruas, o ex-presidente é motivo de indignação e fonte de
piadas. Lula virou chacota, vergonha, deboche. Restou-lhe a militância do pão
com salame e aqueles que tratam a política com os olhos da fé messiânica.
Seu escárnio da lei confirma sua queda. Lula ainda enxerga o
Brasil como um rebanho de gado e não percebe que está só, cercado por advogados
que postergam seu coma moral. Enquanto ofende o judiciário e todos aqueles que
não beijam seus pés, Lula trancafia-se na bolha de quem ainda acredita que meia
dúzia de gritos e cuspes podem apagar os fatos.
O chefe entrou num mundo sem saída, trocou sua consciência
pelo poder e corrompeu-se até dissolver sua essência. Lula morreu faz tempo.
Restou-lhe, apenas, uma carcaça podre que busca a vida eterna no inferno de si
mesmo.
Gabriel Tebaldi
Gabriel Tebaldi