"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 18 de junho de 2015



Olho para essa menina que já fui, e sorrio.
Aposto como, nem de leve, ela podia imaginar a mulher que me tornei. Percebo que ainda temos os mesmos olhos, embora agora estejam mais cansados.

De vez em quando faço isso, volto ao meu quintal ancestral... às vezes gosto, às vezes não, de ver a passagem do tempo.
Mas não conto a ela, tão pequena, tão doce, desse meu possível endurecimento.
Não por proteção, 
mas por delicadeza.

A menina que já fui olha para mim como se eu fosse uma verdade metafísica. Não sou.
Talvez ela é que tenha sido, mas não tem importância, porque uma coisa é certa, e essa eu conto à ela: não fiquei só sentada ouvindo as histórias dos outros...
Fui, e vivi.

E tenho tido tanta coisa para contar...

(Solange Maia)