"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 1 de abril de 2015


Quantas vezes você mente por dia?

Calma, não precisa responder agora.
Também não é sempre que você conta uma mentira. Só de vez em quando.
Na verdade, quando você mente, é porque precisa.
Para proteger o outro ou por questão de sobrevivência.

Você só mente, no fundo, para poupar as pessoas. Verdade.

Começa na infância, quando a gente diz para a mãe que está sentindo uma coisa estranha, bem aqui, e não pode ir à aula sob pena de morrer no caminho.
Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora, a mãe teria uma grande decepção.
Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter.
Melhor um doente do que um vagabundo.
E se ela não acreditasse, e nos mandasse ir à escola de qualquer jeito, ainda tínhamos um trunfo sentimental.
“Então vou ter que inventar uma história para a professora”, querendo dizer vou ter que mentir para outra mulher como se ela fosse você.
“Está bem, fica em casa estudando!”
E ficávamos em casa, fazendo tudo menos estudar, dando-lhe todas as razões para dizer que não nos agüentava mais, que é outra coisa que mãe também adora.

Muitas vezes lançamos mão das mentiras para evitar algum tipo de constrangimento ou para escapar de broncas, outras pela terrível necessidade de não magoar os outros, ou até mesmo por mera brincadeira.

Não tem como escapar — as mentiras vão sempre estar presentes no cotidiano do ser humano.
E se muitas vezes são mentiras inocentes, sem maiores conseqüências, em outras situações elas assumem dimensões gravíssimas e podem levar a um desfecho trágico.

Quem nunca se deparou com um estranho na rua com a constrangedora pergunta: “Lembra de mim?” E você, mesmo sem saber de quem se trata, responde: “Claro.”
E, aí, tenta ganhar tempo e mais algumas dicas para decifrar a identidade do inconveniente sujeito.

Quem nunca usou o trânsito para justificar o atraso a um compromisso?
Afinal, quem nunca contou uma mentira que atire a primeira pedra.