"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 10 de julho de 2014

pra não ficar chato: o último, prometo!


Sei lá... 

Podem me chamar de chato, de maluco, de qualquer coisa, mas acredito em sinais. Na verdade segui muitos sinais minha vida toda. Acho que o universo conversa com a gente através desses pequenos detalhes e acontecimentos que alguns conseguem interpretar e outros podem nem acreditar. 

Quando o Brasil fez o primeiro gol contra no primeiro jogo da Copa, pra mim já ficou bem claro que foi um sinal de que algo não terminaria como o esperado. Cheguei a escrever no Facebook – “Isso é um sinal...” - e na paixão... muitas pessoas me xingaram, me ofenderam e perderam a noção do bom senso. 
Achavam que estava falando de futebol. 

Para começo de conversa, o Brasil deveria antes de querer fazer um grande evento como esse, ter estrutura mínima para atender bem sua população. 
O que quero dizer é que não se pode condicionar as melhorias fundamentais para o cidadão Brasileiro a legados deixados por Copas ou Olimpíadas. Esses acontecimentos podem impulsionar nosso país, mas não podem ser o pilar das transformações. 

Antes de fazermos para quem vem de fora, temos que fazer para nosso povo. Porque no fim das contas, somos nós que pagamos tudo isso. E como nunca é feito de forma clara e honesta, o preço é muito alto.

Quando algo como uma Copa do Mundo acontece, fica claro que existem recursos, existe “vontade política” e até organização para que as coisas ocorram bem. 

Então: 
Por que os Governos não fazem isso por nós?
Por que sempre é feito para receber quem vem de fora?
Por que não se pensa em melhorias que atendam a todos e não somente as áreas onde os eventos acontecerão?

Essas foram as perguntas que sempre me afastaram dessa celebração quase que obrigatória. Por alguns dias eu me senti quase que obrigado a torcer pela seleção. E por não conseguir desvincular uma coisa da outra (futebol da política) ficou complicado me divertir - embora estivesse achando bonito o grande encontro global no Brasil. 

Você pode dizer - mas futebol não tem nada a ver com política. 
Então te pergunto: Não? 
E nós teríamos todas estas obras (muitas inacabadas, outras muitas super-faturadas, outras muitas mal feitas) se não fosse pelo evento relacionado ao futebol?
Como se desvincula isso, me expliquem? 

Pois bem, voltando aos sinais - e isso não tem nada a ver em o quão mal ou bem a seleção estivesse jogando, quando caiu o viaduto em BH e matou aquelas pessoas e feriu tantas outras... já me deixou a sensação de que o universo estava novamente mandando um aviso: Vocês estão fazendo as coisas do jeito errado

Não pode ser banal o desabamento de um viaduto numa cidade que está recebendo jogos importantes e todo mundo fingir que nada aconteceu. Nem o “um minuto de silêncio” foi feito para lembrar as vítimas. Talvez para não estragar ou não despertar a população para esta vergonha - isso sim, uma grande vergonha. 
Depois o principal jogador do Brasil, que é um excelente menino, acaba sendo ferido de forma grotesca (o que faz parte do jogo, assim como o gol contra) e não pode mais jogar. Maus sinais.

Por fim amigos, se tomar uma goleada de 7 dentro da sua própria casa e ter sua seleção humilhada não signifique um grande sinal de que estamos todos embriagados de ilusões e de que precisamos despertar urgente do coma induzido, não sei mais o que pode significar todas essas ligações. 
A sensação que me dá, e volto a dizer - vocês podem me chamar de maluco - é que o universo está dizendo – “parem de achar que vocês são o país do futebol e que essa seja a prioridade na vida de vocês”.

Este post não é um ataque aos torcedores e também não é um ataque ao Governo Federal - porque se fosse o PSDB, o DEM, o PMDB, o PQP - eu estaria dizendo a mesma coisa. Até porque o Governo Federal não fez a Copa sozinha - em cada cidade existe um administração responsável por fazer acontecer suas obras e suas organizações locais.

O que este post quer dizer é o seguinte: 
Acordem!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
Nós podemos amar futebol, torcer pelos nossos times de coração, acompanhar todos os jogos, mas não podemos mais achar que só isso seja o suficiente para que tenhamos alguma alegria. 
“Nosso povo já sofre tanto, deixem eles curtirem o futebol em paz”.
Dizem...

Pois bem... 
Nosso povo já sofre tanto, então porque não tentamos mudar isso e oferecer à população condições dignas para que tenham alegrias com suas vidas cotidianas. Não ficando dias, meses, anos, em filas de hospitais. Não deixando as crianças fora das escolas - por falta de incentivo ou de condições de recebê-las. Não temendo sair na esquina porque não há segurança para ninguém. Não precisando pegar transportes públicos de péssima qualidade, lotados para chegarmos aos nossos trabalhos. E mais tantos outros inúmeros problemas que parecem que já nos acostumamos – “Sempre foi assim”.

Gente - o universo está dando um recado - Vamos despertar. Vamos entender que não dá para fazer tudo nas coxas como vem sendo feito há tantos séculos nesse país. 
O que melhoramos nestes últimos 12 anos não foi mais do que obrigação. Se o Governo será mantido ou trocado - pouco importa - se nós não acordarmos para nossas responsabilidades. 

Pode colocar quem for no poder - que se o povo não estiver atento e ciente de suas responsabilidades, nada mudará.

A maior vergonha não é perder no futebol.
A maior vergonha é termos um País tão rico, tão lindo, com tanto potencial e um povo conivente com tantas patifarias, muitas vezes praticando também algumas delas sem perceber que isso é uma variável que nos atrasa.

“Eu não queria te dizer mas eu vou ter que te falar, tu é esperto mas tá sendo passado para trás e pode ser que quando tu percebas isso lá na frente - já seja tarde demais”.

O despertador tocou. 
Não seja patriota só por sua seleção de futebol. Vista a camisa do Brasil e use a bandeira como fonte de inspiração todos os dias - para produzir, melhorar, transformar esse país. 
Assim, quando nossa seleção perder por ventura um campeonato, nós possamos nos orgulhar de termos um país digno de se viver.

Os sinais...

___Tico Santa Cruz, do Detonautas