Muita coisa aconteceu enquanto eu estava em férias, mas o
que me deixou mais impressionada não foi a vitalidade dos Stones, nem a reação
desmedida às charges dos dinamarqueses, nem as risadinhas nervosas na platéia
de O Segredo de Brokeback Mountain e tampouco a temperatura do mar (quem diria,
a natureza foi quem deu o primeiro passo para “glamurizar” nosso
litoral).
O que me deixou realmente de queixo caído foram as recentes pesquisas de opinião que dão como certa a reeleição de Lula. Quando começar a propaganda política na tevê é provável que o cenário mude, mas estas pesquisam revelam algo desolador: o povo ignora tudo o que foi fartamente noticiado em 2005, ignora todas as acusações de corrupção, todas as evidências de gatunagem.
Não estou dizendo que o povo não se importa. Ele ignora. Não sabe ao certo o que aconteceu. Por quê? Porque não lê.
Nós, assinantes de jornais e revistas, fazemos parte de um Brasil mínimo, de um Brasil ilhado, apartado deste outro Brasil que decide: o Brasil de quem não estudou, de quem ganha uma merreca de salário e que mal sabe assinar o nome. Para este Brasil, um litro de leite a mais no final do mês é o que conta. Dane-se a moral e a ética. Pra quem nunca teve nada, um pouquinho mais do que nada significa fartura e desenvolvimento.
O que me desilude não é o resultado da próxima eleição, mas o resultado da ignorância, que tem cargo vitalício neste país. Não há como o Brasil avançar. O Lula ser reeleito depois de tudo o que se divulgou no ano passado é a maior prova de que estamos condenados ao “rouba, mas faz”. O presidente viaja em campanha pelos cafundós deste país de iletrados, diz meia-dúzia de frases feitas no microfone da praça central e pronto: não há mensalão, valerioduto, dirceus, dudas, nada. Tudo ficção científica.
Qualquer político sabe que a única saída para o Brasil é a educação. Sem colocar todas as crianças e adolescentes dentro de uma escola, não haverá dignidade possível nem agora nem jamais. Dinheiro há para isso, mas qual a vantagem? Melhor deixar tudo como está, deixar que os votos sigam sendo frutos da ilusão, e não da consciência.
FHC, Serra, Alckmin, Rigotto, Garotinho, Lula, todos sabem que é preciso deixar a ganância e a politicagem de lado, arregaçar as mangas e acabar com o analfabetismo e as filas indecentes nos postos de saúde. Que é preciso dar um tempo para a própria vaidade e focar no que interessa, moralizar esta pátria sem pai nem mãe. Mas quando o discurso eleitoreiro acaba, segue tudo igual, o mesmo deslumbre com o poder e a mesma falta de comprometimento.
Se as eleições fossem hoje, Lula seria reeleito mesmo com tudo o que se soube. O problema é que quase ninguém soube. O povo não entendeu o que aconteceu. Se tivesse compreendido alguma coisa, daria uma resposta nas urnas, mas não dará porque não sabe nem mesmo o que está sendo perguntado. Jamais ficará sabendo o que se passa enquanto não ler, e jamais lerá se os governantes não quiserem que ele leia.
O que me deixou realmente de queixo caído foram as recentes pesquisas de opinião que dão como certa a reeleição de Lula. Quando começar a propaganda política na tevê é provável que o cenário mude, mas estas pesquisam revelam algo desolador: o povo ignora tudo o que foi fartamente noticiado em 2005, ignora todas as acusações de corrupção, todas as evidências de gatunagem.
Não estou dizendo que o povo não se importa. Ele ignora. Não sabe ao certo o que aconteceu. Por quê? Porque não lê.
Nós, assinantes de jornais e revistas, fazemos parte de um Brasil mínimo, de um Brasil ilhado, apartado deste outro Brasil que decide: o Brasil de quem não estudou, de quem ganha uma merreca de salário e que mal sabe assinar o nome. Para este Brasil, um litro de leite a mais no final do mês é o que conta. Dane-se a moral e a ética. Pra quem nunca teve nada, um pouquinho mais do que nada significa fartura e desenvolvimento.
O que me desilude não é o resultado da próxima eleição, mas o resultado da ignorância, que tem cargo vitalício neste país. Não há como o Brasil avançar. O Lula ser reeleito depois de tudo o que se divulgou no ano passado é a maior prova de que estamos condenados ao “rouba, mas faz”. O presidente viaja em campanha pelos cafundós deste país de iletrados, diz meia-dúzia de frases feitas no microfone da praça central e pronto: não há mensalão, valerioduto, dirceus, dudas, nada. Tudo ficção científica.
Qualquer político sabe que a única saída para o Brasil é a educação. Sem colocar todas as crianças e adolescentes dentro de uma escola, não haverá dignidade possível nem agora nem jamais. Dinheiro há para isso, mas qual a vantagem? Melhor deixar tudo como está, deixar que os votos sigam sendo frutos da ilusão, e não da consciência.
FHC, Serra, Alckmin, Rigotto, Garotinho, Lula, todos sabem que é preciso deixar a ganância e a politicagem de lado, arregaçar as mangas e acabar com o analfabetismo e as filas indecentes nos postos de saúde. Que é preciso dar um tempo para a própria vaidade e focar no que interessa, moralizar esta pátria sem pai nem mãe. Mas quando o discurso eleitoreiro acaba, segue tudo igual, o mesmo deslumbre com o poder e a mesma falta de comprometimento.
Se as eleições fossem hoje, Lula seria reeleito mesmo com tudo o que se soube. O problema é que quase ninguém soube. O povo não entendeu o que aconteceu. Se tivesse compreendido alguma coisa, daria uma resposta nas urnas, mas não dará porque não sabe nem mesmo o que está sendo perguntado. Jamais ficará sabendo o que se passa enquanto não ler, e jamais lerá se os governantes não quiserem que ele leia.
Vida longa à ignorância.
Este é o meu estado de espírito recém voltando de férias. Imagina quando eu estiver estressada.
Este é o meu estado de espírito recém voltando de férias. Imagina quando eu estiver estressada.
#nm:
Em minhas “andanças” pela net,
encontrei esse texto
atribuído à Martha Medeiros.
Eu não posso confirmar, mas até diria que parece dela.
Na dúvida, prefiro não atribuir autoria.
O texto em questão foi escrito em 2006.
O Lula foi reeleito
e os candidatos agora são outros,
mas o cenário político continua o mesmo.