"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 1 de maio de 2013

da guerra dos clones


Passeando pela orla de Ipanema em minha última viagem ao Rio, me deparei com uma imagem no mínimo curiosa: andando lado a lado, marido e mulher eram absolutamente idênticos! Não em virtude de algum arranjo do destino, mas por causa das incisões certeiras do cirurgião plástico: maçãs do rosto proeminentes, nariz afilado, sobrancelhas arqueadas e o ar blasé que só umas boas injeções de botox podem conferir a alguém.

Às vezes parece que o medo da velhice superou o medo do ridículo, então se abre mão da dignidade e aí ficam todos iguais. Morrem mães, filhas, tias e primas e nasce uma legião de irmãs gêmeas, todas filhas do mesmo bisturi, todas igualmente “jovens”, todas congeladas no tempo e amalgamadas em suas carências.

Ora, parece até frívolo que eu, aos meus poucos vinte e poucos anos de idade, escreva sobre a velhice. Eu não entendo a velhice. Entretanto, não se trata de uma questão de velinhas a assoprar sobre o bolo, mas de assumir-se, a si mesmo e perante os outros. E disso eu entendo.

Parece que, na tentativa de laçar a juventude e nela montar até a eternidade, esqueceu-se que a idade ultrapassa as barreiras do invólucro corporal.
Envelhecer com dignidade é um dos maiores presentes que alguém pode se dar.
As rugas são testemunhas de tudo que vivemos e escrevem a nossa história bem debaixo dos nossos olhos… Literalmente.