"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


Sentido único: em frente

Faço aniversário em agosto. Quando alguém, em julho, pergunta quantos anos eu tenho, já respondo com a idade nova. Não sei até quando terei essa coragem de me envelhecer antes da hora, mas, por enquanto, ainda arredondo pra cima.

Com o ano novo, é a mesma coisa. Já estou em 2013 faz uns 20 dias. Coloquei-o em total vigência, é um ano em curso, mergulhei de cabeça nele. 2012 já era, deu o que tinha que dar. Aliás, foi bom pra você?

Poucas pessoas viveram grandes feitos, grandes viagens ou grandes paixões. A maioria viveu o que podia ter vivido. Foi ao cinema e adorou (ou odiou) 'O Palhaço'. Leu alguns livros. Curtiu alguns churrascos. Passou uns finais de semana fora da cidade. Reclamou da falta de dinheiro. Brigou com pais e irmãos. Fez as pazes com pais e irmãos. E depois brigou de novo.

Esperou em filas. Assistiu a pelo menos um show. Achou a Juliana Paes linda em 'Gabriela'. Reclamou muito do frio. Bebeu demais.

Pensou em casar. Pensou em descasar. Pensou em ter um cachorro.

'Ano da virada' é apenas força de expressão. A maioria de nós viveu um ano semelhante aos outros anos, salvo aqueles que foram colhidos por uma fatalidade - já não é fatalidade suficiente estar vivo?

Eu tive um ano muito bom e muito parecido com outros anos bons, inclusive nas partes ruins. Ainda assim, o melhor de chegar aqui, é olhar para trás e concluir que o aconteceu de mais diferente foi eu mesma. Entrei de um jeito em 2012 e saí outra, mesmo que eu pouco perceba essa alteração.

Recentemente ouvi alguém admitir que era uma pessoa melhor anos atrás. Duvido. Não se pode dizer isso pra valer. É muito desestimulante a gente acreditar que está involuindo.
Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo - por acaso, eu mesma - porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções.
Ora, por mais legal que a gente tenha sido, sempre fomos mais pobres em relação ao presente - e não estou falando de dinheiro, mas de vivência.
Involuir é muito trabalhoso, exige que rejeitemos todos os aprendizados: quem faria essa maldade consigo mesmo?
Evoluir é que está na ordem natural das coisas.

Portanto, tenho certeza de que em 2013 eu verei alguns filmes, assistirei pelo menos a um show, lerei alguns livros, sairei da cidade uns finais de semana, irei bater ótimos papos com os amigos, terei uns arranca-rabos em família e depois voltarei às boas, perderei tempo em filas e reclamarei do frio.

E mesmo sendo mais um ano como tantos outros - no caso de nenhuma fatalidade ocorrer, sairei de 2013 melhor do que estou entrando, simplesmente porque é impossível desprezar conhecimentos, conversas, sensações - tudo o que parece repetitivo, mas que nos dá uma cancha necessária pra seguir adiante e viver melhor.

Então, feliz você novo, mesmo que pareça igualzinho.