"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sábado, 24 de setembro de 2011


''Já é tema recorrente e até virou lugar comum, todos os veículos de comunicação divulgarem incessantemente o novo vício mundial, que são as Redes Sociais.
Mas a cada dia esta mania entra mais e mais na vida da comunidade e torna-se quase impossível não falar dela.
Não se pergunta mais o endereço físico do cidadão, seus dados pessoais e sua descendência como era no meu tempo.
Hoje pergunta-se: você tem Facebook?

- O quê? Você nããoo tem Facebook? – Não, obrigado.

Quem assistiu o filme A Rede Social, que narra a história de Mark Zuckerberg, criador da referida página na internet , ficou sabendo através da película que o maior fenômeno de acessos da rede mundial de computadores nasceu porque o então adolescente Mark, queria impressionar a sua namorada.
O programa então tomou corpo, ganhou adeptos à princípio dentro da sua própria universidade, depois nas universidades vizinhas e então o país e o mundo.
Mas a chamada de capa do filme traz uma frase a qual eu considero inteligente e que remete à alguns momentos de reflexão.
Diz ela: “ninguém chega à 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos”.

O número de 500 milhões é a soma aproximada da quantidade de pessoas que hoje acessam a rede diariamente.
Somado ao Twitter, Orkut, outros menos famosos no Brasil e agora com a chegada do Google + , o mundo se transformou no que o velho McLuhan pregava nos idos dos estudos da comunicação social.
O mundo enfim tornou-se uma aldeia global.

Se perdeu no tempo e na memória a velha carta escrita à mão e postada no correio, assim como perdeu-se a privacidade.
O mais interessante na rede, é que perder a privacidade é questão de necessidade e cobrança da sociedade: você ainda não tem um Facebook?

É um Admirável Mundo Novo, sujeito à inovações diárias, uma página ímpar na história da civilização que, há menos de cem anos, tinha a luz elétrica como uma ilustre desconhecida da maioria da população.
Vantagens mil.
Estar em contato com parentes e amigos distantes, matar a saudade via tela do computador, organizar campanhas publicitárias, divulgar marcas e produtos ou simplesmente trocar recados.

É a nova “gripe espanhola” da juventude e uma novidade sem precedentes para pessoas de outras idades que buscam se aventurar em “terras desconhecidas”.
Não há volta, ao menos é o que dizem os estudiosos no assunto, então é melhor se acostumar.

Entretanto, esta novidade é absolutamente positiva? Não.

As tais redes sociais permitem que algumas pessoas que vivem a sua forma “humana” nas cidades como as conhecemos, possam criar seus “avatares” (personagens virtuais) em um mundo digital e sem fronteiras.
O diálogo com olho no olho não acontece.
Muitos conflitos são deixados para serem resolvidos via mensagem virtual.
A maioria das pessoas deixou de pertencer à um grupo específico da comunidade, formado de carne e osso para viver nas comunidades da internet.
Até aí tudo bem sob o ponto de vista que não estão “criando confusão” no mundo real.
Mas todos se comportam bem no mundo virtual?

Na maior parte do tempo os viciados cibernéticos esquecem todas as suas outras ocupações perdendo-se nas novidades das redes.
Nos escritórios então é um caos.
Sempre tem uma “janelinha” de rede social pessoal pronta para ser aberta quando não há ninguém por perto.
É compreensível e óbvio que todos tenham obsessão por alguma coisa na vida, mas obsessão em ficar horas e horas visualizando fotos alheias, viagens, perfis de estranhos, de admiradores ou admirados e muitas vezes, tomando o cuidado para que o “espionado” não perceba que foi bisbilhotado, é coisa que foge um pouco à minha geração em entender.

O fato primordial deste vouyerismo coletivo é que, quem postou suas fotos nas redes, quer mais é que o pessoal vá lá e veja mesmo; suas viagens, festas, curtições, famílias e outras coisas pessoais.
Já é fato que, em caso de grandes cidades, seqüestros já foram realizados após os criminosos pesquisarem cada detalhe da vida do inocente internauta que apenas queria ser “espionado”.
Crimes muito maiores já foram cometidos, combinados através da rede, causando assim a suspensão dos programas dentro de alguns países.

Ainda me foge a compreensão passar na rua, encontrar alguém e não trocar sequer um cumprimento e depois ouvir a afirmação: “fulano é meu amigo no Orkut” ou em outra rede social que seja.
Acho que ainda prefiro o bom aperto de mão e olho no olho.
É bom ter poucos amigos e muitos inimigos, mas ao menos saberem que são, afinal, quantos dos 500 milhões de usuários do Facebook online neste exato momento, aceitarão estender a mão quando você realmente precisar?

Aos que vão criticar o meu ponto de vista, quem sabe se ofender com as colocações e até mesmo perder um amigo por isto, não se preocupem, no mundo de hoje, você pode adicionar centenas de novos “amigos” à sua vida, em um único dia de navegação na internet.''

(Alex Morais - do Jornal Pauta da Semana)
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