"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Da criança que sou...

Há uma criança que vive dentro de mim.
Por vezes penso que nem se trata só de uma criança; há momentos em que ganha existência um jardim infantil completo no interior desta pessoa que sou.
E sabem uma coisa?
Gosto bastante deste traço mais infantil na minha personalidade.

Tenho em mim aquela curiosidade e aquele fascínio de quem olha para tudo imensas vezes e numa grande maioria delas encontra uma agradável novidade nelas.
Tenho esse espanto no olhar, que me desperta as melhores reações e me faz viver as melhores surpresas no mundo que habito.

Dentro de mim também subsiste um pouco daquela ingenuidade mais sã, de quem vê tudo acreditando que não tem malícia.
Além disso, sou tão otimista que bato sempre na mesma tecla: na crença de que tudo tem de acabar bem, como nas histórias de finais felizes, e se não está bem, é porque ainda não acabou.

Às vezes deixo mesmo a minha alma acriançar-se.
E isso é fantástico.
Gosto de correr pelo campo à fora, pular corda, pichar no trampolim e sentar-me na relva, mesmo sabendo que posso ficar com as calças sujas.

Sou mulher capaz de brincar com bonecas ou carrinhos com um pequenino, capaz de chutar a idade para um canto, mandá-la às favas e ser garota com os garotos.
É nestes momentos que me sinto mais humana.
Quando consigo aperceber-me da criança que sou, da criança que vive nestes muitos anos de gente e que viverá pela vida afora.
Tenho cabeça e corpo de adulta, a maturidade suficiente para encarar com responsabilidade a vida que tenho (ou me resta) pela frente, mas uma alma sempre juvenil, sempre rica em espontaneidade infantil.

(Martinha – Mar de desabafos)