"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 17 de junho de 2011


Fazer amor.
Sempre achei essa expressão coisa de menina virgem do interior ansiosa por uma fusão romântica-orgásmica-amorosa-eterna.
E, inevitavelmente, a pobrezinha passaria o resto da vida amuada, copulando com um cara muito mais interessado no campeonato mineiro de futebol do que em fazê-la gozar.

Não acredito nesse papo de demonstrar todo o sentimento que vai por dentro através da união mágica dos corpos.
Acho uma pentelhação sem fim filmes românticos em que o casal enamorado transa à luz trepidante de velas, inebriado pela brisa, sussurra palavras de devoção eterna ao pé do ouvido e, ao final, repousa nos braços um do outro sem uma gota de suor e com todos os pêlos no lugar.
Pelamordedeus!
Sexo é incrível porque é irracional, animal.
Porque, naquele momento, você se esquece.
Perde-se.
Une-se ao outro e, somados, viram gozo, loucura temporária.
É incrível porque é insano.

Amor não se faz.
Amor se sente.
Amor se dá, se doa.
A materialização física dele pode ser carinho, pode ser cafuné.
Pode ser sexo.
Mas apesar de ser uma ferramenta poderosa, ninguém passa a amar através do sexo nem cria amor por ele.
Existe uma diferença colossal entre trepar e transar com quem se ama - o primeiro é uma atividade aeróbica. O segundo, é ter prazer em provocar prazer.
É importar-se com as pequenas reações do outro, é catalogar mentalmente tudo o que causa arrepio, gemidos.
É ficar feliz em sentir a pele, em encaixar as curvas, em respirar perto do pescoço.

Para mim, fazer amor não é um jeito meiguinho e politicamente correto de se referir ao sexo.
Para mim, fazer amor é estar com quem se deseja profundamente do jeito que se gosta; sem moralismos, com risos.
Depois, ficar na cama conversando. Ou dormindo.
Ao acordar, ir à geladeira trazer água.
É pegar duas toalhas de banho no armário.
Perguntar aonde vamos comer depois.
Dar um abraço ao caminho do elevador.
É entregar-se a viver o dia-o-dia.
Sem medo.
Com esperança.

Sendo assim, quero mais é fazer pelo resto da vida.