"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 23 de março de 2010

“A lua, dali era possível ver, estava do outro lado da casa, descendo atrás da mata. E de repente, como nunca mais conseguira ver, desde criança, embora me esforçasse, mas tinha perdido aqueles olhos, inesperadamente consegui enxergar outra vez são Jorge de lança em punho, matando o dragão na superfície da lua.

Fiquei ali sentado, ouvindo. Dulce cantava novamente aquelas canções desconhecidas. Além da lua, as estrelas e coisas assim, do espaço sobre nossas cabeças, percebi que falavam também de seres da terra, escondidos entre as árvores, na fundura das grutas, nas curvas dos caminhos.

Ela disse:
- Força e fé, repete comigo: dai-me força e dai-me fé, dai-me luz.

Eu pedi:
- Força e fé. Dai-me força, dai-me fé e dai-me luz.

Dulce perguntou se eu queria cantar junto com ela. Disse que não, eu preferia ficar ouvindo. Eu não sabia cantar, expliquei. No mesmo momento, sem ouvir o que ela dizia, e talvez não dissesse nada, apenas cantasse, uma estrela cadente riscou o céu. Pensei em fazer um pedido, era meu aniversário. Mas não tinha nada para pedir. As coisas vivas, pensei, as coisas vivas não precisam pedir”.