quarta-feira, 29 de novembro de 2017
“Somos o que ficamos depois de sofrer.
Porque na dor encontramos uma honestidade que não há em nenhum outro sentimento.
Porque na dor encontramos uma urgência que não há em nenhum outro lugar.
Porque na dor encontramos uma autenticidade que não há em nenhum conselho.
Ninguém usará disfarces, adiamentos, mentiras quando sofre.
É quando nos
conhecemos, nos aceitamos e passamos a amar as pequenas gentilezas e
descobertas.
Somente aquele que cuidou de um pai ou mãe doente entenderá o que é ser filho.
Somente aquele que se separou ainda amando entenderá o que é casamento.
Somente aquele que perdeu um parente numa tragédia entenderá o que é fé.
Somente aquele que foi mendigo em sua casa entenderá o que é generosidade.
Sofrer é entender a si mesmo para ouvir com mais atenção e
empatia.
Por mais angustiada que seja a perda,
por mais gritante que seja a separação,
por mais gritante que seja a separação,
por mais inimaginável que seja a injustiça,
temos uma incrível e maravilhosa capacidade de sobrevivência, de se regenerar, de despertar das ruínas, de seguir em frente.”
temos uma incrível e maravilhosa capacidade de sobrevivência, de se regenerar, de despertar das ruínas, de seguir em frente.”
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Fabrício Carpinejar
E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por
que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
Jesus, porém, ouvindo isso,
respondeu: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos. Ide, pois, e
aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não
vim chamar justos, mas pecadores.”
Mateus 9:11-13
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Desde quando me lembro, família tinha para mim uma
importância extraordinária. Meu pai a considerava muito. Era a árvore, com raiz
e galharia, com sombra, com tempestade, ramos caindo, raios atingindo, mas
estava ali, a velha árvore. Eu, menina intrometida, de orelhas em pé ouvindo
conversas adultas, pois durante alguns anos fui a única criança na casa,
absorvia aquelas tramas, dramas, comédias, e coisas ternas e alegres que
passavam como fios de teia de aranha entre tantas pessoas.
Eu adorava os almoços: avôs, avós, tios, tias, primos,
primas. Aquilo me dava uma extraordinária sensação de proteção e pertença. E
tudo se refletia num grande espelho diante da mesa de jantar. Também me
fascinavam - não foi por nada que décadas depois comecei a escrever sobre laços
familiares, embora nada a ver com aquela minha família - as conversas e
posturas, que em qualquer grupo podem passar da inocência à bizarrice. Sentada
à mesa, tendo de me esticar para manejar os talheres, embora posta sobre almofadas,
com as perninhas balançando no ar, mais do que comer ou beber meu suco, eu
espiava as pessoas.
Tomava um distanciamento involuntário, que me divertia e
assustava: as pessoas pareciam salsichas enormes, com tufos de cabelo em cima,
buraquinhos com olhos dentro, que giravam, outro buraquinho que se abria e
fechava para receber comida ou soltar palavras. Ali aprendi que palavras podem
ser plumas ou punhais - e que significam muito mais do que aquilo que
expressam. Que uma inflexão muda o sentido, de amoroso para crítico; e que as
mãos complementam tudo, com arabescos bailarinos por cima dos pratos.
Talvez tenha nascido assim meu encanto pelas palavras, pelo
que dizem nos sons ou letras, e mais ainda nos espaços brancos ou silêncios. Ou
isso simplesmente veio comigo como a cor dos olhos e dos cabelos, um sinal
qualquer. Para mim, foram sempre motivo de felicidade, palavras como balas de
tantos sabores e cores, ou pedrinhas coloridas que eu revirava na boca como se
fossem pitangas ou uvas.
Sou uma mulher das palavras, e família tem entre elas um
lugar especial: mais do que dissidências, importam as semelhanças; mais do que
contradições, reinam os encontros; mais do que as ausências, predominam os
gestos, as vozes, ou os sinais num WhatsApp. Uma dor por mal-entendidos pode
ser curada com a palavra certa; uma ilusão alegrinha pode virar ferida, mas a
gente nunca tem certeza...
Esse berço, esse colo ou esse peso chamado família pode
magoar, irritar e salvar se tivermos a sorte de nascer num grupo amoroso. Nas
horas mais escuras, essa rede pode nos impedir de cairmos no alçapão embaixo do
poço. Nada como lembrar brincadeiras infantis entre irmãos, carinho de pais
abrindo a porta com braçadas de orquídeas, dessas pequenas meio silvestres que
florescem presas aos troncos das árvores no jardim. Nada como jogar conversa
fora com quem se recorda, e nada como semear recordações futuras para os que,
tão jovens, ainda nem têm passado.
Não sei onde foi parar aquele grande espelho, com um raro tom
rosa-antigo. Quem sabe ainda estamos lá, presos: imortalizados os momentos
felizes, os risos, brindes, lágrimas - e todos nós, como éramos um dia.
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
o homem é o sexo frágil
Durante almoço em uma cantina em Erechim, cidade gaúcha quase divisa com Santa Catarina, fui surpreendido pela entrada triunfal de um grupo de terceira idade. Mais de 150 mulheres felizes, ruidosas, dançantes. Dediquei um torcicolo para elas - mereciam. Tenho torcicolo a cada quatro anos, raro como uma Copa do Mundo, e pressenti que era o momento. Deveria aproveitar e girar a cabeça com força total para não perder nenhum dos movimentos daquele exército.
Elas desfrutavam de uma alegria fora do comum: desembaraçadas
e sinceras nas gargalhadas. Não havia nenhum homem para atrapalhar. E não havia
nem mesmo esperando em casa. Noventa por cento da comitiva era viúva. As
meninas na faixa dos 70 a 90 anos estavam livres na pista de dança.
No começo, faziam piada de que mataram os seus maridos no
cansaço pouco a pouco. Os senhores foram incapazes de acompanhar a maratona
amorosa.
- Tadinhos, exigíamos muito deles na subida e ficaram sem
fôlego na descida.
Mas a comédia foi formando um estranho sentido. Elas provavam
que a mulher é o sexo forte, e o homem é o sexo frágil. Derrubaram o
preconceito com uma acachapante ilustração de vitalidade.
Os homens morrem cedo, é uma verdade absoluta. Os homens são
fracos. Os homens não tem resistência. A força física é ilusória: não faz
cócegas diante da força espiritual.
E veja só: homens de outras épocas, que não precisavam cuidar
de casa, dos filhos, trabalhar ao mesmo tempo em que unificavam a família.
Homens com a metade das obrigações femininas. Homens que não passaram por
nenhuma gravidez em seu corpo, que não saíram à rua para garantir direito ao
voto, igualdade em concursos públicos e salários equivalentes. Homens que não
queimaram os sutiãs e não empreenderam revoluções culturais para o livre-arbítrio
da mesa e da cama. Homens que não combaterem as leis e não asseguraram o
divórcio. Homens que não experimentaram o desgosto da solidão e da
incompreensão, homens que não enfrentaram o vexame de esconder as suas
fantasias e economias da própria companhia. Homens que não passaram por nenhuma
cobrança para se arrumar, para manter as unhas pintadas e a aparência
impecável. Homens que não eram condenados a sorrir amarelo em público e chorar
azul no quarto. Homens de aceitação social fácil e orgânica. Mesmo assim, com
uma carga infinitamente menor de responsabilidade, sucumbiram antes.
Aquelas damas derrubaram todos os reis do xadrez. Aquelas
damas comemoravam o casamento delas com elas mesmas. O casamento consigo. O
casamento com a guerra. O casamento com a tenacidade. O casamento com a
intimidade. Quem se conhece vive mais, vive o dobro, vive os sonhos para além
da idade.
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Fabrício Carpinejar
“Disse a anciã curandeira da alma:
Não doem as costas,
doem as cargas.
Não doem os olhos,
dói a injustiça.
Não dói a cabeça,
doem os pensamentos.
Não dói a garganta,
dói o que não se expressa ou se exprime com raiva.
Não dói o estômago,
dói o que a alma não digere.
Não dói o fígado,
dói a raiva contida.
Não dói o coração,
dói o amor.
E é precisamente ele, o amor mesmo, quem contém o mais
poderoso remédio.”
Hermana Águila - Ada Luz Márquez
Tradução livre
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
“Acima de sermos negros, brancos, árabes, judeus, americanos,
somos uma única espécie.
Quem almeja ver dias felizes, precisa aprender a amar
a sua espécie (...)
Se você amar profundamente a espécie humana, estará
contribuindo para provocar a maior revolução social da história.”
#dia da consciência negra
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Augusto Cury,
Datas
domingo, 19 de novembro de 2017
“Se eu desistir de existir, não se assuste,
é só o inicio de um novo fim.
E assim, se não nascer o sol, não se preocupe,
eu estarei dentro de ti!
Não pense que é fácil para mim
mas eu tentei, por muito tempo eu tentei.
E agora, abro mão e te juro de coração,
eu fiz de tudo para que o tudo não acabasse assim.
Espero que seja melhor, espero estar correto,
nessa vida eu não posso viver.
Estou cada vez mais perto de sorrir,
quando eu fechar meus olhos vou sorrir e enfim ser
feliz.
É o fim, eu sei!
Um dia ele chega para todos nós,
Mas não quero esperar que aconteça.
Antes que eu me esqueça, deixe eu te lembrar,
te confortar,
eu sei que assim vai ser melhor.”
lembrando do Dayvison, meu sobrinho,
que não queria mais viver nessa
vida.
o menino e sua mãe
André Luft
No dia 2 de novembro, Finados, a
morte - que tudo comanda - levou um de meus filhos. André, um gigante de corpo
e alma, belíssimo por dentro e por fora, morreu na plenitude da vida, fazendo o
que mais amava: surfando nas águas verdes de Florianópolis, onde, embora
trabalhando na África, ele e sua mulher residiam. Ainda incapaz de escrever
coisas coordenadas, reproduzo aqui, para meus leitores, o trecho da página 67
de meu novo livro, A Casa Inventada, que já está nas livrarias. O menino, então
com uns sete anos, era o André.
Um menino e sua mãe voltavam das
compras no ônibus quase vazio. Ele segurava no colo o presente cobiçado: um
microscópio “de verdade”, dado pelo pai, mas a mãe fora com ele comprar. De vez
em quando, ele passava a mão no pacote:
- Parece mentira, né, mãe? - olhar
sonhador daqueles olhos grandes de um azul indescritível.
- Mãe, que igreja é essa?
- Nossa Senhora Auxiliadora.
- Por que tem tanta Nossa Senhora?
Não era só uma?
- É uma, sim, filho, mas ela tem
muitos nomes.
- E o Nosso Senhor é São Pedro, né?
Marido dela.
- Não, é Jesus. Quem se casou com ela
foi São José. São Pedro era amigo de Jesus - a mãe suspirou: não praticar muita
religião dava nisso.
- Ah... E por que o José não é o
Nosso Senhor, se era casado com Nossa Senhora? - os olhos azuis começavam a
deixar a mãe inquieta.
- Acho que é porque Jesus e Nossa
Senhora são mais importantes, filho.
- Mas o José não era pai dele?
- Não era de verdade, o pai dele era
Deus, José era pai adotivo.
- Então Jesus não nasceu da
sementinha do José?
O silêncio no ônibus já meio vazio
parecia imenso. O menino falava em voz alta e clara, pra ele era tudo natural,
assim ensinavam em casa.
- Não, filho, Deus fez brotar a
sementinha direto em Nossa Senhora, foi um milagre.
- Ué, então não foi como nas pessoas?
- agora o silêncio podia ser cortado com faca. A mãe se fez de distraída, mas o
menino pensava, concentrado.
- Mãe, como é que antigamente as
primeiras pessoas sabiam como se fazia pra ter bebê, se ninguém tinha ensinado
a elas?
- Ora, filho, essas coisas a natureza
ensina.
- Mas a natureza não é pessoa pra
ensinar a gente.
- Quer dizer, quando a gente cresce,
aprende por si.
- Mãe, olha, nessa placa estava
escrito Rua Mozart! Eu acho que ele mora aqui!
- Ele quem?
- O Mozart, mãe. Quem ia ser?
- Não, filho, ele viveu na Europa.
- Ah é? Até achei que era nos Estados
Unidos, onde moram pessoas importantes.
Finalmente desembarcaram. Parado na
calçada, sol nos cabelos claros, o menino retomou seu ar sonhador ainda
segurando o pacote.
- Mãe, como eu tenho um pai bom, né?
E acrescentou depressa:
- Mãe também, claro...
sábado, 18 de novembro de 2017
lá e aqui
A Operação Lava-Jato e a campanha das
mãos limpas na Itália se parecem em poucos pontos, mas são pontos fundamentais.
As duas começaram com cavaleiros destemidos dispostos a combater a corrupção em
seu país - o procurador Di Prieto lá, o juiz Moro aqui. Nos dois casos, algumas
leis foram, digamos, dribladas para tocar os processos. Moro levou ligeira
vantagem sobre Di Prieto no quesito fins que justificam meios.
O terremoto provocado pelas
revelações das mãos limpas, que derrubou partidos, carreiras políticas e
reputações na Itália, não teve contrapartida exata na Lava-Jato. Aqui os
partidos ficaram de pé - só em crise de identidade, sem saber bem o que são e
com quem podem se juntar - e carreiras políticas não apenas sobreviveram ao
bombardeio da Lava-Jato como estão conseguindo enfraquecê-la. Não demora e a
faxina moral duradoura que a Lava-Jato prometia ao país não passará de
nostalgia. Lembra do Moro? E pensar que um juiz de província quase liquidou a
República...
Na Itália, houve suicídios de
envolvidos em escândalos denunciados pelas mãos limpas. Aqui o único suicídio
provocado pela Lava-Jato foi o de um inocente injustamente acusado.
O que as mãos limpas e a Lava-Jato
têm indiscutivelmente em comum é que, na busca por uma moral absoluta,
desnudaram mais do que esquemas de corrupção e de bandidagem corporativa,
fizeram - sem querer - retratos de corpo inteiro do capitalismo de compadres em
vigor nos seus países. Itália e Brasil têm a mesma história de sociedades
dominadas por sistemas excludentes de poder que se fecham contra qualquer
ameaça de mudança. Não cabe dizer que na Itália é pior porque lá tem o
complicador da Máfia. Nós também temos máfias, que só não ousam dizer seu nome.
Na confusão política e econômica
deixada pelas mãos limpas na Itália, brotou, como um cogumelo venenoso, o
Berlusconi. O Moro é o nosso Di Prieto, a frustração com as mãos limpas é a
frustração com a nossa Lava-Jato derrotada, o capitalismo viciado da Itália é o
nosso capitalismo mafioso... Resta a grande questão: quem será o nosso
Berlusconi?
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Luis Fernando Veríssimo
Daqui a pouco o ano termina. Com a
ida dele, chega a expectativa. O desejo de fazer diferente, a vontade de
modificar o que não está legal, a ânsia de crescer e abraçar todos os planos do
mundo. Finais de ano servem de balanço, de balança. A gente vai e vem, o
pensamento viaja, o coração faz retrospectiva, a memória guarda o que foi bom e
tenta passar a perna na parte amarga. A gente pesa os lados positivos e
negativos, sorrimos ao perceber que fizemos a coisa certa, choramos ao lamentar
o que saiu do eixo.
Não tem jeito: todo fim de ano é a
mesma coisa. Uns riem, outros choram, alguns riem e choram. O que importa no
fim das contas é acumular experiências dentro da bagagem e ter a disposição e a
força para seguir em frente. E viver uma vida mais leve, feliz e cheia de
esperança.
Marcadores:
Clarissa Corrêa
“Vou fazer 90 anos, nunca fiz
cirurgia plástica.
Tinha uma colega que dizia que minha autoestima era grande,
porque eu sempre confiei na minha cara do jeito que estava.
Não tenho problema
algum com minhas rugas. Meu rosto reflete a minha vida, a minha alma, o que
amei, o que sofri...
Eu me gosto assim.”
__Laura Cardoso, atriz
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
Por dentro, sou casca de ferida, quase cicatrizada, uma
lágrima fingindo ser cisco no olho, uma sessão de terapia onde foi dito apenas
a metade, um medo não publicado.
Por fora, uma leveza de palavras, embora por dentro, um
furacão em erupção, quase sem margens com folga, para não entornar. Por fora,
uma coisa que desejo fortemente e consigo deixar fluir de um jeito suave, ah,
mas por dentro, vou submergindo sem dó ou piedade, sem tempo para traduzir os
desejos incontidos, subversivos e doloridos.
Por fora o resgate de ingenuidade que se repete todas as
manhãs, para acreditar que a vida pode ser melhor. Por dentro, tralhas quase
sem espaço. Anseios e planos encaixotados sem destinatários.
Por fora, coração. Por dentro, razão. Por fora, alegria. Por
dentro, nostalgia.
Por fora, a certeza. Por dentro, o acaso.
Por fora o argumento como ladainha diária. Por dentro a
pergunta que não encontra a resposta e convive carrancuda com a dúvida
Por fora, falo de liberdade. Por dentro, procuro um caminho
que contrarie as incertezas. Por fora uma beldade. Uma entusiasta do amor
fácil, rápido e indolor, uma saudade sem devolução que virou poesia.
Por fora, esperança. Por dentro, zoeira que a vida faz e não
trata de desfazer.
Por fora, sonoridade, música. E por dentro também.
E como diz o provérbio: Por fora bela viola. Por dentro, pão
bolorento.
Um dia, ou aprendo uma canção e canto por dentro e por fora,
ou aprendo a fazer pão corretamente.
Enquanto isso, segue a vida, que me segue.
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Ita Portugal
Por favor, escolham! Não ajam como reféns de situações
degradantes.
Não se submetam a circunstâncias que os desvalorizam como pessoa:
o ser humano é um Universo.
Tenham amor, tanto amor próprio.
Parem de aceitar o
que não nutre, o que apenas suga, vampiriza, enfraquece, esvazia. Parem de
reclamar das escolhas mal feitas como se não pudessem vivenciar algo grandioso
e saudável.
O outro pode ser e fazer o que bem entender, você não precisa
aceitar. Você pode determinar como quer e merece ser tratado.
Por favor,
escolham situações de crescimento, apliquem-se doses cavalares de autoestima.
Escolham relacionamentos amorosos e maduros.
Deem-se tempo para escolher bem,
mesmo que isto custe algum período de solterice.
Não caiam na armadilha de
estar com alguém por carência, por desespero, por medo, por qualquer coisa que
negative uma narrativa que é a sua vida!
Por favor, não se maltratem sendo seus
piores inimigos e se dando tão pouco como se o outro fosse o responsável por
isto.
É você, apenas você quem pode escolher o que vai adornar tua rotina,
fazer sorrir ou chorar teu coração. Não se deixem na mão alheia.
Decidam! Vão
embora do lugar que não os acolhe. Sejam mais carinhosos com vocês mesmos.
Deem-se paz, busquem reciprocidade no amor.
Estamos aqui para evoluir, seja em
que aspecto for.
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Marla de Queiroz
Não faça promessas quando estiver feliz,
não discuta quando
estiver com raiva
e não tome decisões quando estiver triste.
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Armandinho,
Tirinhas
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Meu avô sempre dizia que honesto era o seu pai. Para qualquer
situação. Quando ouvia as notícias do rádio de manhã na cozinha, no almoço,
quando aprontava alguma malandragem e me passava o pito, quando colocava o seu
calção e seu chinelo para o entardecer de chimarrão, antes de me dar boa-noite
e, de novo, no bom-dia.
Eu confabulava com os meus botões: o que será que ele fez com
descomunal excelência e honradez, para ser um exemplo perfeito e recorrente?
Chegava a ser chata a evocação, mas não podia menosprezar o amor da sentença,
havia uma homenagem a um caráter de exceção, um reverência a um padrão de vida
e de clareza. Quisera que os meus filhos pensassem o mesmo de mim no futuro.
- Meu pai é que era honesto. O único homem honesto que
conheci.
Já imaginava o seu pai como um super-herói de Guaporé, de
sunga por cima do collant, meias coloridas e capa esvoaçante, prendendo
assaltantes de banco, ajudando velhinhas a subir no ônibus, desmoralizando os
políticos na Câmara de Vereadores, criticando a indolência dos mendigos nos
bancos de pedra da praça, devolvendo o troco dos caixas aos aposentados. Sua
figura tomou boa parte da memória de minha infância. Pretendia atingir o mesmo
grau de retidão, prometi a mim mesmo não mentir mais, com exceção da hora de
comer rúcula, que eu detestava.
Ele devia nunca ter atrasado uma conta, nunca ter passado
ninguém para trás, nunca ter enganado esposa, nunca ter faltado ao trabalho,
nunca ter omitido a sua opinião, aposto que pedia desculpas no exato momento de
uma falha e não cedia à tentação da soberba. Pois o antônimo da honestidade não
é a mentira, mas o orgulho.
Surpreso fiquei quando o meu avô pediu que eu buscasse
correspondência na agência de Correios da esquina e me entregou a sua
identidade para a retirada do volume. Constava que ele era filho de Honesto
Carpi.
Nunca um documento causou tanto estrago em minha
personalidade. Demorei a minha adolescência inteira para desfazer a fantasia.
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Fabrício Carpinejar
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