Tenho 27 anos bem vividos, nunca quebrei nenhum osso do
corpo, e até algum tempo atrás, só tinha tirado sangue para exames de rotina.
Legumes e verduras? Grandes amigos.
Apesar disso e de tantas outras coisas que fiz em busca de
tentar ser o que hoje chamamos de saudável, há exatamente 365 dias fui
diagnosticada com câncer de mama.
Publiquei a versão 1.0 desse texto, que agora estou redigindo
e atualizando, e diante de todo alcance que teve, tenho duas ou três vidas pelas quais sei que sou
responsável por terem conseguido um diagnóstico precoce e por estarem nesse
momento no caminho da cura, como eu. Sem contar com as dezenas de mulheres com
as quais troquei mensagem de apoio, que me mandaram desabafos sinceros que não
confessavam aos seus próprios maridos ou simplesmente palavras de amor, que
ilustraram meus posts com suas carecas reluzentes e encontraram em mim, alguma
forma de motivação e esperança. Isso já foi suficiente para acalmar meu coração
e me provar o propósito de certas coisas nas nossas vidas.
Hoje, um ano se passou desde que recebi a ligação que iria
mudar minha vida para sempre.
Olhando para trás, tento entender como passei por
12 injeções de hormônios para estimular ovulação, 11 sessões de quimioterapia,
165 comprimidos de tamoxifeno, 4 injeções de zoladex, 4 contrastes para
ressonância, mais de 30 agulhadas para tirar sangue, 3 cirurgias, 3 anestesias
gerais e 1 sedação, incontáveis horas em diversos médicos e salas de espera,
entre tantas outras coisas que nunca antes tinham feito parte da minha vida.
Não satisfeita com a lista acima, também pude experimentar
cortar os cabelos curtos, raspar a cabeça, ser careca durante 6 meses, perder a
sensibilidade dos seios, engordar 10 kg e lidar com os calores repentinos e
intensos da menopausa (que me acompanharão durante os próximos 5 anos).
Quando temos 20 e poucos anos achamos que somos invencíveis e
que abusar do nosso corpo significa viver intensamente. Hoje posso afirmar com
toda certeza do mundo que estamos errados.
Viver intensamente nada tem a ver com submeter seu corpo e
sua saúde a riscos desnecessários. Viver intensamente é sobre amor, viagens,
amigos, gargalhadas e banho de mar. O resto, é nossa negligência disfarçada de
intensidade.
Um ano se passou e meu recado para todos vocês, meus queridos
amigos no auge de suas juventudes é o mesmo: vocês não são invencíveis.
Portanto, repito: se cuide. Faça seus exames periodicamente,
independente da idade que você tenha. Não adie contando com o fato de que não
irá acontecer com você.
Eu entrei nessa luta pra vencer, mas se eu tivesse
deixado pra depois, talvez ela já se encontraria perdida. Se cuide. Todo
cuidado é pouco quando a nossa vida está em jogo e ninguém é novo demais para
nada.
Hoje é meu dia de sair do escritório, fazer o treino de funcional, me
alimentar de forma balanceada e não esquecer o remédio das 20h00.
Espero que
seja seu dia de passar a mão no telefone e marcar a consulta com aquele médico
que você vem adiando.
Faça isso, por mim, por você e pela vida.
(escrito em 21/07/2016)
1º texto publicado: aqui
1º texto publicado: aqui
Estamos em pleno Outubro Rosa, o mês em que a sociedade se
mobiliza para conscientizar as mulheres sobre a importância de se prevenir
contra o câncer de mama. Eu faço minha mamografia, anualmente, e quem ainda não
fez, tendo casos de câncer de mama no histórico familiar, estando acima dos 40
anos ou na menopausa*, deve se mexer.
*Durante a menopausa, o corpo de uma mulher produz
quantidades muito menores de estrogênio e progesterona. Baixos níveis de
estrogênio podem causar ondas de calor, perda óssea, secura vaginal e
alterações de humor.
Para ajudar a amenizar estes efeitos colaterais, os médicos
costumam prescrever hormônios, porém, estudos, recentes, mostraram que, uma vez
que se acrescenta estrogênio (e progestina para mulheres que têm útero) de
volta ao seu corpo, pode aumentar o risco para câncer de mama.
Este risco diminui ao longo do tempo, assim que a mulher
parar de tomar os hormônios.