Que seja celebrado esse 12 de junho pelo motivo mais que suficiente de o amor ser o responsável por todo
esse admirável esforço de tentarmos merecê-lo
É ele o protagonista da
semana, o amor, e não os bandidos da nação. Esqueçamos por um momento este
Brasil infiel com quem temos feito longas DRs. Ao menos nesta terça-feira, o
amor estará em alta, mesmo que alguns acreditem que ele tenha morrido.
Morrer como? O amor tem a
melhor campanha de marketing do universo, já que todos nós estamos aqui por
causa dele. Todos nós. Nascemos porque um homem e uma mulher se amaram – mesmo
que tenha sido um amor de verão ou que nem tenha merecido esse nome, amor. De
qualquer forma, ele foi o álibi para que nascessem você, seus amigos e seus
inimigos, do amor nasceram judeus e antissemitas, por causa dele vieram ao
mundo os que votam na direita, na esquerda e em branco.
Já dizia Fernando Pessoa:
“A gente ama porque ouviu falar do amor”. É o marketing se confirmando. Desde
pequenos, preparamos o terreno para ele entrar na nossa vida como entrou na de
nossos pais. É dado como certo que alguém se encaixará em nosso ideal romântico,
mesmo que não seja o primeiro a surgir. Talvez seja o segundo. Talvez o
terceiro. Talvez ninguém se encaixe totalmente, talvez todos se encaixem mais
ou menos. Todo homem ou mulher que fizer disparar nosso coração, mesmo que por
pouco tempo, será promovido a grande amor pelas razões mais diversas: ou pra
suprir nossa carência, ou pra abrandar nossa solidão, ou pra realizar nosso
desejo de procriar, ou por nossa obediência às convenções – não importa,
atravessará a porta destinada a ele. É sempre aguardada a sua chegada.
O amor está no DNA dos
sete bilhões de habitantes do planeta. Ateus amam, assassinos amam, até
políticos amam: é a verdadeira religião universal, a que faz todos ajoelharem
sob o mesmo chão sem precisar de livros sagrados, deuses, dogmas. De onde vem
tanta potência?
O mundo é hostil, cruel.
Até mesmo a poderosa natureza – mares, selvas, montanhas – nos coloca em risco,
nos exige estado de alerta. Onde nos refugiar, onde nos conectar com a nossa
verdade e com a nossa beleza interior? No amor, não há outro lugar. Sem ele,
nossa existência fracassa.
Que seja o amor por
filhos, por pais, pelos amigos, por mascotes, por um Deus: é tudo amor em sua
abrangência, e pode bastar. Mas havendo um amor exclusivista, erótico e
conjugal, a vida ganha um contorno mais fascinante, somos convocados a lutar
por aceitação, e não é um desafio qualquer. Exige concessões, resiliência e
variadas técnicas de sedução. Dá uma trabalheira. Mas, ainda que o amor seja um
projeto de vida racional, os picos de paixão irracional que ele proporciona
fazem valer a vida a dois.
A gente nasce, pensa,
pira, sonha, cai, levanta, sorri, chora, desiste e insiste. A gente acorda,
dorme e acorda outra vez. A gente ganha, perde, corre, alcança, não alcança,
descansa e recomeça. Então, que seja celebrado esse 12 de junho pelo motivo
mais que suficiente de o amor ser o responsável por tudo isso, por todo esse
admirável esforço de tentarmos merecê-lo.