Chegou dezembro.
E, mais uma vez, passou voando sem dar a chance de olhar para
trás com um gosto ácido de saudade. Com ele, vem o congestionamento nas ruas e
nas lojas, as filas que não param de crescer, as pessoas que aproveitam esse
período para mostrar exatamente quem são. É na hora do cansaço de uma fila sem
fim, do calor que embola o estômago e da falta de ar que não dá trégua que a
gente percebe que nem todo mundo tem educação.
Chegou dezembro.
Um mês esperado por muitos e detestado por outros tantos. Uma
época de comemorações, de uma mistura de solidariedade com exibicionismo, um
período voltado para o consumismo e para as extravagâncias e orgias
gastronômicas.
Chegou dezembro.
Este mês traz dentro do saco do Papai Noel um universo de
pedidos, promessas, reflexões e anseios. É o momento das listas, do balanço, da
verdade, da conversa séria, da decisão, da vontade de melhorar, da decepção em
constatar que nem tudo saiu conforme o planejado naquele outro dezembro que já
deu adeus há muito tempo.
Chegou dezembro.
Ele traz na mala aquela saudade de quem já partiu, das
amizades desfeitas, dos amores que se foram, da família que mora longe, de quem
mudou de estado, país ou cidade.
Dezembro traz a certeza de que a esperança ainda existe, sim.
E sempre existirá. Esperança que renasce e se torna mais forte com a chegada de
um novo ano. Esperança que traz a oportunidade de fazer coisas novas, de um
jeito novo, com um novo olhar e uma nova forma de sentir e viver tudo que ainda
há para viver.