Da esquina escura, o azulejo gelado, a janela com grades, a
rua vazia
Do bar lotado e a casa desabitada
Da fome que chega para o homem na calçada
Do bueiro sujo e as ruas alagadas
Do restaurante lotado e o pedinte com as mãos estendidas
Da arvore devastada e os móveis brilhantes
Da criança que chora pelo abandono dos pais
Da violência gratuita que rifa inocentes
Do aprisionamento da liberdade
Do retrocesso dos direitos
Da falta de compaixão, da desumanização,
Da doutrinação ao ódio, à intolerância, ao preconceito
Do conteúdo violento, das injustiças
Dos vasilhames humanos cheios de conceitos descartáveis
Dos prontuários literários dizendo que basta a força de carpe
diem para o momento oportuno
Do Maktub, traduzindo a fatalidade, para justificar a merda
que está por vir.
Parece que não adianta pensar em verde, pois a terra não mais
florescerá
Agora, o caos tem carta branca.