Eu nunca tive medo de morrer. Talvez seja pelo fato de que
pouco contato tive com a morte enquanto crescia ou simplesmente por pensar
quase nunca sobre isso.
Hoje, 27 anos, com um câncer na conta, ainda acho que não
tenho. Tenho plena consciência de que há chances concretas de que isso aconteça
mais cedo do que eu planejava.
A reação da maioria das pessoas quando eu falo essa frase é
algo do tipo: "vira essa boca pra lá!" ou "não fala uma besteira
dessas!"
Porque? Considero essa consciência uma dádiva.
Sim, pode ser
que nada aconteça e que eu viva até os 100 anos. Mas pode ser que não. Estou um
pouquinho mais perto dessa possibilidade do que a maioria dos meus amigos dada
às circunstâncias.
Mas tudo bem. Esse texto não é pra falar de morte, mas para
nos lembrar que a iminência da morte nos traz vida.
A consciência da nossa fragilidade nos dá fôlego. A mim,
vontades. Desejos. Coragem. Ambição.
Deixo vocês com a frase de uma querida amiga, que resume bem
uma conversa que acabamos de ter sobre as mazelas dessa vida de quem vive o
câncer: não tenho medo de morrer, apenas de que isso aconteça antes de eu viver
tudo que eu quero viver.
Pois bem, comecemos já!