Investir no sossego do próprio coração é algo tão complexo
por causa da sua simplicidade. Porque ser simples é uma das coisas que mais
dificulta a nossa vida. Investir no sossego do próprio coração é não abrir uma
brecha, que poderá virar uma represa, para alguém que não está disponível
afetivamente. É prestar atenção nos sinais e indícios que a pessoa dá, logo nos
primeiros encontros, do tamanho do sofrimento ou da alegria que ela poderá lhe
proporcionar. É saber-se só em quaisquer situações, mesmo acompanhado, pois as
consequências de nossas escolhas são absolutamente nossas.
Investir no sossego do nosso próprio coração é saber que
aquilo que está doendo deverá ser extirpado e não manter apego ao sofrimento,
por mais que o uso do bisturi cause quase a mesma dor. É proporcionar-se bons
momentos divorciando-se de tantos lamentos. É não adiar sofrimento postergando
decisões tão necessárias. É não se acomodar com a falta de excitação pelas
coisas, pessoas, trabalho. É saber-se merecedor de experienciar um amor
inteiro, intenso, extenso, imenso, verdadeiro... Recíproco! É aumentar, um
pouquinho a cada dia, o seu tamanho. É ter a certeza e a confiança de que as
coisas têm um encaixe, mas que é preciso deixar ir, ou ir ao encontro, ou
conformar-se com o desencontro, ou esquecer, ou lembrar-se de outras coisas, ou
relacionar-se de outra forma.
Investe no sossego do próprio coração quem não rumina o que
machuca, quem não fica descascando a ferida impedindo que a mesma cicatrize,
quem não se disponibiliza de maneira subserviente e em tempo integral ao ponto
de ser desvalorizado ou descartável, quem não aceita menos do que merece:
coisas pela metade. Investe no sossego do próprio coração quem sofre, grita,
chora, mas cresce! Quem não se repete, quem se surpreende consigo mesmo, quem
trabalha o desapego, quem se abre para as coisas que possuem mais calor e
sensibilidade.
Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem com a idade, mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento de paz e repouso, é desocupar o peito para abrir espaço para o novo, é entregar-se ao desconhecido com inocência e totalidade, é não ter medo de pronunciar verdades, é ser honesto consigo, com o outro.
Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem com a idade, mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento de paz e repouso, é desocupar o peito para abrir espaço para o novo, é entregar-se ao desconhecido com inocência e totalidade, é não ter medo de pronunciar verdades, é ser honesto consigo, com o outro.