A história resumida: uma amiga estava há dois meses saindo
com um homem bacana. Ele, perdulário em declarações de amor, a convidou para ir
a Paris. Ulalá. Ela vibrou. Dez dias antes do embarque, ele mandou um e-mail
dizendo que havia voltado para a ex-mulher. Sacanagem, pensamos. Mas sacanagem
talvez seja um diagnóstico simplista.
Ele estava tentando dar um novo rumo à sua vida, porém não contava com o assédio da ex-esposa, seu verdadeiro grande amor. Fez sua opção, e quem morreu um pouco foi minha amiga. Alguém sempre paga o pato.
O assunto de hoje é uma velha conhecida de todos nós: a frustração. Jogue a primeira pedra quem já não caiu do cavalo (foi frustrado) ou roeu a corda (frustrou alguém). Somos todos experts em sonhos desfeitos.
Existe coisa pior na vida, claro que existe, mas considero a frustração uma das
sensações mais indigestas.
O emprego é seu! Chegando ao escritório para entregar seus documentos, descobre que o posto já foi preenchido.
Você quase passou no vestibular! Por uma vaga, umazinha só, ficou de fora do listão.
A bolsa para estudar na Inglaterra saiu! Pena que o governo decretou um depósito compulsório de última hora e você não tem como pagá-lo.
A garota que você está a fim chamou para a festa! Chegando lá, encontra a bisca agarrada no seu melhor amigo.
Me veio à cabeça mais uns 456 exemplos de frustrações, algumas baseadas em experiências pessoais. Mas você tem sua própria lista para recordar, não serei tão cruel. O fato é: durma-se com esse embrulho no estômago.
O emprego é seu! Chegando ao escritório para entregar seus documentos, descobre que o posto já foi preenchido.
Você quase passou no vestibular! Por uma vaga, umazinha só, ficou de fora do listão.
A bolsa para estudar na Inglaterra saiu! Pena que o governo decretou um depósito compulsório de última hora e você não tem como pagá-lo.
A garota que você está a fim chamou para a festa! Chegando lá, encontra a bisca agarrada no seu melhor amigo.
Me veio à cabeça mais uns 456 exemplos de frustrações, algumas baseadas em experiências pessoais. Mas você tem sua própria lista para recordar, não serei tão cruel. O fato é: durma-se com esse embrulho no estômago.
É sabido que uma das regras de bem educar uma criança é ensiná-la a lidar com frustrações. Seu bebê amado não será alto o suficiente para ser um campeão de basquete, nem sua lindinha terá as melenas loiras necessárias para ser a princesa do teatrinho da escola. Ou você mente e desvirtua a situação para aplacar a dor dos seus rebentos, ou permite que eles enfrentem essa dolorosa seleção natural e explica: não é isso que mede a importância de alguém.
Papai e mamãe te amam de qualquer jeito. Grande prêmio de consolação, pensam os baixotes. Porém, baixotes, é isso mesmo. “Papai e mamãe te amam” é tudo o que vocês precisam saber para se lixar para as coisas que não dão certo. E acreditem: um bilhão de coisas não darão certo, dos cinco aos 105 anos.
Só tendo sido suficientemente amado e protegido dentro do lar para entender que
o que não deu certo é uma contingência da vida e que, dependendo do nosso grau
de autoconfiança, poderá causar apenas cinco dias de mau humor em vez de uma
dor existencial infinita.
Acredite: os cinco dias de frustração não farão mal nenhum a seu crescimento, pelo contrário, será parte fundamental dele. A dor existencial é que nos engessa e paralisa para sempre.
Lido razoavelmente bem com frustrações. Sofro os cinco dias protocolares, e depois retiro delas alguma lição que me torne mais aderente a decepções futuras – ambiciono chegar ao dia em que a frustração não doerá nem mais cinco minutos. Conseguirei?
Na verdade, não pretendo colecionar frustrações para quebrar meu recorde de
resistência. Se pudesse, não sofreria mais nenhuma. Mas isso equivaleria a não
estar mais disposta a viver. Então, que venham as danadas. Uma de cada vez, que
sou forte, mas não sou duas.