Vamos supor que a
pressão popular seja tão grande, mas tão grande que a presidente Dilma Rousseff
sofra o impeachment. Sabe quem ocuparia o cargo no lugar dela?
Uma
dica: sua mulher é gatíssima. Não, não é Aécio Neves. É Michel Temer, o vice,
cujo partido, o PMDB, está envolvido até as tampas no esquema de corrupção na
Petrobrás. Tanto quanto o PT.
Vamos
supor que Temer também, pela força do povo, seja obrigado a renunciar a
Presidência, depois de ser flagrado pela imprensa negociando propina com
empreiteiros. Sabe quem então ocuparia o posto?
Uma
dica: ele é habitué das praias cariocas e apoiou a candidatura do Luiz Fernando
Pezão ao governo do Rio no ano passado. Não, não é Aécio Neves. É Eduardo
Cunha, presidente da Câmara, também do PMDB, e que é investigado pelo Supremo
Tribunal Federal no inquérito da Operação Lava Jato, sob suspeitas de ter
participado da roubalheira na Petrobrás.
Vamos supor ainda que o
povo peça a cabeça de Eduardo Cunha,por estar com o nome mais sujo do que pau de galinheiro. Sabe
quem, pela regra, seria seu o sucessor?
Lá vai a dica: ele é senador.
Não, não é Aécio Neves. Seria Renan Calheiros, atualmente
presidente do Senado, também investigado pelo STF no caso da Petrobrás. Está
envolvido em outras cositas más das quais nós estamos carecas de saber. Menos
Renan, que deixou de estar no ano passado, depois de usar o jatinho da FAB para
ir ao Recife fazer um implante capilar.
Tantas
suposições assim pelo seguinte: o impeachment de Dilma não resolveria muita
coisa. Bastante gente vai levantar essa bandeira no protesto do próximo
domingo, dia 15, se esquecendo de duas coisas. Primeiro: Dilma não
responde a crimes que a obriguem deixar a Presidência. E segundo: mesmo que
tivesse, não adianta mais trocar de atores, quando a peça tende sempre a um
mesmo fim. Políticos vivendo felizes para sempre nas custas do povo.
O
eleitor brasileiro possui um cardápio muito bem servido de motivos para
protestar. Fica a gosto do freguês: a corrupção na Petrobrás, o alto preço
da cerveja, desemprego subindo, salários congelados, falta d’água. Pode,
inclusive, botar a culpa na Dilma, no Lula, ou mesmo no PT de maneira geral.
Mas não deveria pedir impeachment, sabendo do risco a que estaria sujeito: o
fortalecimento de figuras como Renan, Cunha, Sarney e cia, igualmente chamadas
de corruptas pelas mesmas pessoas que pedem o afastamento da presidente
petista.
Não
é hora de simplesmente fulanizar o debate sobre um problema que se mostrou
maior do que realmente imaginávamos ser com a descoberta do esquema de
corrupção na Petrobrás. Obviamente que os responsáveis pelo crime na
estatal devem ser punidos. E com rigor. Mas o ideal seria que o crime não
voltasse a acontecer.
Dilma
tem sido cobrada pelas promessas não cumpridas. Aécio Neves (agora sim, olha
ele aqui), adversário da petista no ano passado, publicou um vídeo no Facebook
expondo as contradições entre declarações e os atos da presidente. Deveria ter
aproveitado para lembrá-la também da reforma política, tema defendido pelos
dois durante a campanha presidencial e hoje engavetado no Congresso. Já até
passou da hora, mas bora falar sobre isso?
___Ricardo Chapola
ou seja,
se correr, o bicha pega. Se ficar...