"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quarta-feira, 25 de março de 2015


(em tempos de crise híbrida e hormonal, quem pensa em diamantes?)

Drummond disse uma vez que há duas épocas na vida em que a felicidade está numa caixa de bombons: na infância e na velhice. Tudo bem, eu perdôo. Drummond não nasceu mulher, nunca teve TPM. Ele não sabia que há uma época do mês, durante toda uma vida, em que a felicidade de uma mulher mora bem ali: no doce sabor de um bombonzinho. 


Mentira minha? Ah, não sei, não. “Naqueles dias”, meu bem, só um docinho na boca pra salvar o humor e acalmar os ânimos. Claro que - se possível – também queremos colo, elogios e um bom cafuné. Mas chocolate – ah, chocolate não tem erro! Ele está sempre ali. Nos esperando... Nos acalmando... Mandando baldes de serotonina para nosso corpo desassossegado. Um namorado também ajuda. Ou não. Quem não nasceu mulher nunca vai saber ao certo como é ser mulher. Como é ter um monte de hormônios no comando, nos deixando assim: à mercê de toda nossa loucura. 

Ah, Deus tenha piedade de nós! (E de todos os homens que aguentam nossas maluquices!). Temos direito universal a sermos loucas e complicadíssimas uma vez por mês e, mesmo assim, continuarmos sendo amadas e queridas por nossos amigos e amores. 

Já ouvi dizer que TPM é frescura. Eu confesso que não é. Ficamos chatas de verdade e ninguém – em sã consciência – quer parecer chata. (Afinal não somos burras. Ou somos?). 

Às vezes fico irritada. Em outras (a grande maioria), fico emotiva e comovida com todas as dores do mundo. Por favor, grifem essa parte: com todas as dores do mundo. Sofro por todas, por tudo e choro. Choro vendo o Jornal Nacional, choro ouvindo música, choro porque o humilde velhinho tirou um botão pra pagar o pão achando que era moeda... (Ah, não!!!). E choro – copiosamente e sem fim – vendo as reprises de Greys Anatomy (porque todo hospital resolve morrer bem no dia em que eu fico menstruada?). E a mão do doutor treme, o mundo treme, o queixo treme, o humor se alterna e os homens – nossa! – como eles tremem! Morrem de medo de nós porque não sabem o que os aguardam. (Se a gente mesmo não sabe, imaginem eles!).

Por isso, hoje, num dia incrivelmente comum onde nada lá fora acontece e dentro de mim tudo ferve, milhares de bombons Sonhos de Valsa foram atraídos para o meu contexto super hormonal e consumidos sem a mínima culpa (sim, nesse período, não existe espaço para culpas!). E agora, só agora, posso dizer com a maior certeza e doçura do mundo: chocolate é o melhor amigo da mulher!

Pergunto: em se tratando de chocolate, o que é mais importante: o tamanho ou o prazer que ele proporciona?