O que é melhor para o
relacionamento de um casal: que eles sejam iguais ou diferentes? Alguns apostam
nos casais siameses: os dois corintianos, os dois petistas, os dois fumantes.
Já outros preferem o antagonismo: ele Corinthians, ela Palmeiras; ele PT, ela
PMDB; ele fumante, ela presidente da Associação de Combate ao Câncer de Pulmão.
Cada casal tem sua fórmula para dar
certo, mas um pouco de equilíbrio ajuda a manter a estabilidade. O melhor
parceiro é aquele que é bem diferente de nós e ao mesmo tempo muito parecido.
Como? Diferente no temperamento, mas com mil afinidades.
Dois calmos vão pegar no sono muito
rápido. Dois gulosos vão passar muito tempo no supermercado. Dois sedentários
vão emburrecer na frente da tevê. Dois avarentos nunca terão um champanhe
dentro da geladeira. Dois falantes jamais vão escutar um ao outro.
Temperamentos iguais se
neutralizam. Temperamentos opostos é que provocam faísca. Ele é super
responsável, paga as contas em dia e jamais ficou sem combustível. Ela, ao
contrário, é zen. Sua música preferida é um mantra. Não sabe que dia é hoje,
mas tem certeza que é abril. Brigas à vista? Que nada. Ela o acalma, ele a
acelera, e os dois inventam o próprio ritmo. O que importa é que avançam na
mesma direção.
Quando o projeto de vida é
antagônico, aí é que a coisa complica. Ele adora o campo, odeia produtos industrializados
e não perde o Globo Rural. Ela almoça e janta hamburger, tem horror a qualquer
ser vivo com mais de duas patas e raspou suas economias para ver o show dos
Rolling Stones em São Paulo, sua cidade modelo.
Ele odeia a instituição chamada
família. Ela, ao contrário, não abre mão das macarronadas dominicais na casa da
mãe. Ele não sobe num avião nem sob decreto, ela sonha em dar a volta ao mundo.
Ele quer ter quatro filhos, ela ligou as trompas quando fez 18 anos. Ele é
ativista político, faz doações para o partido e participa de sindicatos. Ela
vota em quem estiver liderando nas pesquisas. Ele não admite televisão em casa,
ela não admite menos de três: uma na sala, outra no quarto e uma de dez
polegadas na cozinha. Pode dar certo? Pode, mas alguém vai ter que abrir mão
dos seus sonhos.
Temperamentos diferentes provocam
discussões contornáveis. Já a falta de afinidades pode reduzir um dos dois a
mero coadjuvante da vida do outro. Alguém vai ter que ceder muito, e se não
tiver talento para a submissão, vai sofrer.
Logo, não importa se ele chega
sempre atrasado e você é a rainha da pontualidade, desde que ambos tenham a
mesma visão de mundo e os mesmos valores. Esse é o prato principal de todo
relacionamento. O resto é tempero.