"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015


Esses dias eu queria ser feliz. Mas, diferente de muitos, eu queria ser ingênuo com a minha felicidade. Queria acreditar que ela é só isso mesmo. E ponto. Esquecer um pouco o dinheiro e os amores, as contas e os mau humores, e ficar ali conversando; e sem pensar, me sentir compreendido e sereno. Mas compreendido de uma maneira que não me faltasse vontade, nem coragem, de abraço e beijo. De sentar e chorar o que me dói. De rir do que me alegra e saber que ali existe compreensão – mesmo quando o riso for besta. Que existe amor e calmaria, mas principalmente, verdade e simplicidade.

Pois convenhamos, quem não gosta de sentir-se compreendido? Quem não gosta de compartilhar loucuras, sonhos, dúvidas ou medos, e receber de volta compreensão e riso? É, eu também não sei.

Então, esses dias, enquanto caminhava em busca de sorrisos que combinassem com o meu, descobri que compreender é sentir a história dos outros como se fosse sua. É abraçá-los com olhos que arrancam verdades e dores. É saber que ali, mesmo por trás da carcaça rígida, existe amor e vontade de amar. Existe alguém que exclama por atenção e rosto risonho, como se tudo aquilo fosse a coisa mais comum e fácil do mundo para você.

E mais que isso, compreender é saber dividir as dores alheias na garupa. Dividir as histórias e, às vezes, esperar um eu te amo de um pai que pouco diz. E talvez nunca diga. Abraçá-lo forte e dizer o quanto o ama, mesmo que isso resulte somente em um leve tapa nas costas e uma cara de pouca reação. E mesmo assim sorrir. Pois lembre-se: a falta de paciência de hoje, será a saudade de amanhã.

Então compreenda, antes que seja tarde, antes que vá embora sem dizer adeus. Antes que o vazio bata à porta e lhe dê vontade de voltar o relógio e os sonhos. Antes que, sobre coração e falte presença.

___Frederico Elboni