No café-da-manhã, suco de laranja com Prozac. No almoço, água mineral com Lexotan. Na janta, uísque e Dormonid. Não é a nova dieta da Adriane Galisteu: é a dieta de quem está com excesso de peso na alma.
O maior mal das pessoas infelizes é não diagnosticar
corretamente de onde vem a sua dor. Ninguém acha que tem culpa por as coisas
estarem dando errado. É culpa do chefe, do ex, dos pais, dos políticos, do
síndico, da tevê, de todos que fazem parte desse mundo do qual você foi
expulso. Que tal assumir a responsabilidade sozinho para ver o que acontece?
Estou longe de ser fã do Lair Ribeiro, papa da
neurolingüística brasileira, mas devo reconhecer que a maioria dos nossos
problemas foram originados dentro de nós mesmos e só por nós podem ser
solucionados. Não se está falando aqui de problemas graves, como a perda de um
parente, de um imóvel, de um emprego ou da própria saúde, mas daquelas
ingresias do cotidiano que nos tornam incapazes de sorrir.
Você se acha feia. Cada vez que vê uma foto da Ana Paula
Arosio agradece a Deus por morar no térreo, pois se fosse no oitavo andar se
atirava de bico. Se acha gorda, também. Tem um senhor quadril. O melhorzinho em
você são os pés, mas ninguém irá olhar para eles enquanto você não reduzir seu
nariz pela metade. Espelho, espelho meu, logo eu?
Se ao menos você fosse assombrosamente inteligente, mas você
é médio. Lê 5 livros por ano e nunca disse nada que merecesse entrar para uma
antologia poética. Você queria escrever tão bem quanto o Verissimo, ser tão
espirituosa quanto o Jô e tão bem informada quanto a Marilia Gabriela, mas se
sente tão insossa quanto a sua manicure.
Nada disso lhe afetaria se você tivesse uma conta bancária
recheada, mas você não recebe aumento há três anos. Se ao menos o seu namorado
fosse a cara do Brad Pitt, mas ele é a cara do Keith Richards. Se ao menos você
morasse em Nova York, mas seus pais fizeram a gentileza de se mudar para uma
cidade chamada Sertãozinho, onde ninguém jamais botou os olhos num Big Mac.
Aparentemente, não dá para dizer que sua vida é
nitroglicerina pura, mas só podemos chamar de tragédia aquilo que é
irreversível, o que não é o seu caso. Tudo é uma questão de humor e de atitude:
mude. Deixe de colocar sua felicidade na mão dos outros. Comece um caso de amor
consigo mesma e pare de se boicotar. A Ana Paula Arosio, o Verissimo, a Marilia
Gariela e o Brad Pitt não têm culpa de você insistir em seguir modelos.
Inaugure sua própria fórmula de ser feliz e patenteie. Você ainda vai ficar
rica com os direitos autorais.