Então tem essa coisa de Roberto
Carlos sempre nas minhas aflições de fim de tarde. Passo o dia gargalhando e
depois uma saudade de qualquer coisa me agarra. E o tom melancólico do
momento-mergulho-o-que-estou-fazendo-da-minha-própria-existência. Percebo: minha
nau é frágil. Todo discurso do
tá-tudo-bem-sempre-ou-nem-tá-tão-bom-mas-vai-melhorar-logo, cadê? Minhas
angústias já não cabem numa “hashtag”.
Então tem a música, tanta coisa pra ler e escrever e um monte de gente legal
pra abraçar. Mas por que essa tarde em fiapinhos de agonia na garganta? E as
noites balbuciando suas imensidões de todos-os-travesseiros-só-pra-mim
desatando vontades de choros que eu meu recuso a adjetivar.
Então tá todo mundo meio fodido: de grana, de amor, da garganta, de saudade. E
eu fico desejando “bom dia” torcendo para que isto
retorne-em-dobro-deus-me-ouça. E fico alisando a superfície das coisas querendo
me apegar a elas como quem não-tá-mais-se-importando-se-o-mundo-vai-explodir.
Para que pensar tanto no que sinto e sentir tanto o que eu penso?
Então tá tudo-meio-assim-assado, bobagens bobagens bobagens e café gelado. E eu
sentindo essa porra taquicardiando o meu peito e esse coração ardido,
confrangido, sem o rosto do sujeito: dor que nem tá sabendo doer direito.
Então tá tudo tão Roberto Carlos e que tudo-o-mais-vá-pro-inferno nesses
últimos suspiros do inverno.