"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014


Por que tem tanta mulher avulsa hoje em dia? Não acho que seja pela reprodução acelerada dos fãs de sauna nem por culpa da carga de trabalho. Também não é por causa da balela (contada com ares de conquista) de que ficamos tão independentes que ultrapassamos a necessidade de ter alguém pra compartilhar o cotidiano. A razão para ter tanta mulher solteira é simples e cruel: o mundo está cheio de chatas.

A coisa mais comum em parques, bares, restaurantes e escritórios é mulherada reclamando. Se o cara não deu sinal de vida depois da primeira transa: credo, que escroto. Se mandou flores depois da primeira transa: ih, que careta. Se ligou todo simpático no dia seguinte: coitado, é inseguro. Se falhou no que deveria ser a primeira transa: o desgraçado é um broxa. Se o cidadão não quer um relacionamento fixo e deixa isso claro: putz, que galinha. Se não deixa isso claro: putz, que sabonetão. Se quer namorar pra valer: putz, sabe que eu não sei se estou disposta a abrir mão da minha liberdade?

Não dá para ter paciência com essas fêmeas surtadas, não. Eles estão mais é certos de preferirem tomar uma cerveja com os amigos a encarar um cineminha com uma mocinha simpática que pode, em questão de horas, se transformar numa onça com raiva ou grudar feito ventosa e começar a escorrer melado.

Não acredito em “surto de solteirice masculina”. Isso é bobagem: só falta homem para quem é pentelha demais, excessivamente cobradora, doentiamente independente ou que tenha a cara de um cachorro pug com gripe. Mas, acima de tudo, falta homem para dois tipos de mulheres: aquelas que estão sozinhas e continuam agindo como se não precisassem de ninguém e as que ficam praticamente sem ar se não tiverem um ser para chamar de “tchuchuco”. Peraí! Namorados são bons para animar a vida, partilhar o cotidiano, levar o cachorro pra fazer cocô na rua, comprar remédio para cólica em noites de chuva. Eles não dão, por si só, sentido à vida de ninguém. São apenas homens com quem podemos ser mais felizes.

Se a nega está há muito tempo sem um bípede do sexo oposto para “chamar de seu” e já nem se lembra como passar um domingo a dois, pode ser que não haja nenhuma conspiração mundial ou um raro alinhamento dos astros que intervenha malignamente sobre sua vida amorosa. Talvez seja tudo muito mais simples e mais fácil de resolver: talvez ela seja chata.