"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



sexta-feira, 11 de outubro de 2013


Por mais que eu aplauda o que convencionamos chamar de “maturidade”, no fundo acredito que somos, todos nós, crianças que cresceram mais em estatura do que emocionalmente, crianças que foram empurradas para o meio do palco e que precisam ter suas falas na ponta da língua, conforme foram ensaiadas desde a primeira infância.

Somos homens e mulheres na segunda, terceira, quarta, quinta infância, nos apegando aos nossos parcos conhecimentos e às nossas inúteis experiências para tentar não errar demais.

Somos crianças que choram escondidas no banheiro, que tomam atitudes insensatas, que dizem o que não deveriam ter dito e que nos momentos de desespero, gostariam de chamar um “adulto” para resolver a encrenca no nosso lugar.
Mas que adulto?
Deus? Ele tem mais do que se ocupar.
Resta-nos chorar no meio-fio da calçada mesmo, caso não fosse um vexame.

Os maduros têm certeza. Os maduros não vacilam.
Os maduros são programáticos. Os maduros ganham dinheiro.
Os maduros assumem seus atos. Os maduros sabem o que dizer e como se comportar.
Os maduros só fraquejam diante da orfandade - perder pai e mãe é perturbador em qualquer fase da vida-, mas logo reassumem o controle e seguem em frente.
Não se espera outra coisa deles.
Se tentarem fugir de suas responsabilidades, serão considerados pessoas infantis.

E quem tolera ser considerado infantil a essa altura?

Então a gente presta atenção em volta, imita nossos pais e amigos, se apega a um roteiro conhecido, faz certo teatro, tudo para que não percebam que, em silêncio e na solidão, somos apenas crianças grandes.