Não sei se foi Platão ou minha mãe que me ensinou a ser metade incompleta.
Sei apenas que sou (ou quase sou, por ser metade). Como se sozinha eu não fosse inteira, precisando sempre ser dois.
Aprendi por inteiro a ser essa metade – e agora não sei desaprender.
Acontece que aprendi também que sou uma metade única: não existe outro pedaço de mim vagando por aí.
De modo que aprendi a amar outra metade, diferente de mim, com a qual formamos duas metades juntas e de mãos dadas. Um conjunto bem mais interessante e divertido que uma simples duplicação de mim.
Amo no outro o que não sou. Mesmo que isso me irrite e me faça pensar, uma vez por semana, que o outro não passa de um cabeça-dura.
Cabeça-dura que eu amo de coração mole.
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