segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Não eras para os meus sonhos, não eras para a minha vida
Nem para os meus cansaços perfumados de rosas
Nem para a impotência da minha raiva suicida
Não eras belo e doce, o belo e doloroso
Não eras para os meus sonhos, não eras para os meus cantos
Não eras para o prestígio dos meus amargos prantos
Não eras para a minha vida nem para a minha dor
Não eras o fugitivo de todos os meus encantos
Não merecias nada
Nem o meu áspero desencanto
Nem sequer o lume que pressentiu o amor
Bem feito, é muito bem feito que tenhas passado em vão
Que a minha vida não se tenha submetido ao teu olhar
Que aos antigos prantos se não tenha juntado
A amargura dolente de um estéril olhar
Tu eras para o imbecil que te quisesse um pouco
(Oh! Meus sonhos doces. Oh meus sonhos loucos!)
Tu eras para um imbecil, para um qualquer
Que não tivesse nada dos meus sonhos, nada (...)
Não eras para os meus sonhos, não eras para a minha vida
Nem para os meus quebrantos nem para a minha dor
Não eras para os prantos das minhas duras feridas
Não eras para os meus braços, nem para a minha canção
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Pablo Neruda