"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 29 de novembro de 2011

''Aprendi com o tempo das fugas e com o resultado de cada uma delas que podemos adiar o encontro do nosso olhar com os olhos perturbadores da dor, mas não tem jeito: em algum quarteirão da vida, eles vão se encontrar.
Por isso, agora, toda vez que acontece, escolho ficar em casa.
Escolho encarar de uma vez.
Mergulho inteirinha,
protegida com o escafandro da fé e do amor que me habitam.

É o que aprendi com as dores.

E a vida é tão mágica que, lá no fundo mais fundo do oceano nada pacífico de cada uma delas, lá no instante ou quase em que a pilha da lanterna acaba, a gente descobre um jeito novo, muito lindo, muito nosso, comovente muitas vezes, para conseguir emergir e transformar o que parecia impossível de transformação.
E não é exagero dizer que geralmente emergimos mais corajosos.
Mais ternos. Mais bondosos. Mais nós mesmos.
Mais conscientes do que, de verdade, nos importa.

No fundo mais fundo, não é raro nos sentirmos sozinhos.
Estamos doendo tanto que, pra começo de conversa, a nossa própria presença nos falta, isto que é a mais perigosa solidão.
Mas é um engano temporário, comum nos tempos em que os nossos olhos estão embaçados demais pelo medo: tanto faz o aparente e transitório tamanho da solidão, não estamos sozinhos nunca.
E não estamos mesmo.

O amor, não importa de que forma se manifeste, encontrará maneiras para nos tirar lá desse lugar com recursos às vezes inimagináveis. ''