"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 19 de setembro de 2011


Eu abro a janela e mal consigo acreditar!
Inspiro um milhão de cores e expiro uma explosão de flores, escapando afoitas do meu peito.
Eu abro a janela e mal consigo acreditar: estou viva!
O Universo, com os seus treze bilhões de anos, concedeu-me um intervalinho no tempo, que eu chamo dia, e o começa assim, com uma manhã cheia de flores!
Ah, é demais para mim!
Todos os dias, eu abro a janela e me dá vontade de chorar.
É tudo tão bonito, tudo tão… inacreditavelmente perfeito e encaixado que nem a maldade dos homens, de seis bilhões de homenzinhos pequeninhos, pode ser maior do que o conjunto das estrelas erradias, ainda mais quando metade de cada homem também é amor…
Então, o que importa se eu perdi o ônibus, se a chuva despencou na minha cabeça, se ela me disse um desaforo, se nem meu amigo ele quer ser… o que importa?

Há uma pequena chance na minha janela, que eu chamo dia, para extravasar o meu amor, cultivar um amigo, conhecer a história de uma senhora ou me aproximar de um vizinho, abraçar alguém que eu gosto muito, ligar para um velho amigo, viver, viver e viver?
Ah… como eu posso reclamar da vida?
Eu estou viva!
E foi por um triz.

Quando alguém olha para você e estende aquele dedo do meio, ele está querendo dizer:
“Escuta aqui, você não é mindinho, não é o fura-bolo e, muito menos, o cata-piolho!
Você é o maior de todos, amigão!!!
Você é o maior de todos!!!”

Pode até parecer que sim, mas o meu mundo não é cor-de-rosa.
A minha alegria brota das coisas tristes que eu vejo ao redor.
Quando Mãinha não tem o que dar de comer aos filhos, mas divide um grão de arroz, com bom coração. Quando o ladrão me assalta, mas divide o meu dinheiro comigo.
Quando o moço me estende o dedo do meio e me faz recordar brincadeiras de criança.

Assim é a minha alegria!
É quando o feio do mundo tenta, mais que tudo! apesar de tudo! parir um instante de beleza e é esse instante, que na próxima fração de segundo escapará da minha câmera, que me comove e me arrebata, como se eu abrisse os braços e acolhesse o mundo: um bichinho ferido, carente de amor.

E isso é maior que tudo, mais lindo que tudo, muito mais lindo do que se o mundo fosse perfeito.