"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 21 de julho de 2011


Enquanto ele falava, meus pensamentos saltavam.
Primeiro, lembrei-me do amor de Florentino Ariza e da Firmina Dazza.
Depois, foi o amor de T.S. Eliot e Valerie.
Todos eles amores de velhice…

Amor de mocidade é bonito, mas não é de espantar.
Jovem tem mesmo é que se apaixonar.
Romeu e Julieta é aquilo que todo mundo considera normal.
Mas o amor na velhice é um espanto, pois nos revela que o coração não envelhece jamais.
Pode até morrer, mas morre jovem.
“O amor retribuído sempre rejuvenesce”, dizia Eliot,
no vigor de sua paixão, aos 70 anos…

Está lá, em 'O amor em tempos do cólera', do Gabriel Garcia Marquez.
Quem não leu está perdendo uma experiência única de felicidade.
Era o Florentino Ariza, mocinho, que se apaixonou pela Firmina Dazza, adolescente, amor doído e doido, só de longe, a menina sempre vigiada, os bilhetes e juras de amor trocados em lugares escondidos, e em tudo a promessa da felicidade de um abraço, um dia.
Mas nos tempos do cólera as coisas eram diferentes, e o pai de Firmina arranjou-lhe um casamento com o doutor Urbino, ilustre e próspero médico do local.
Pobre Florentino, dilacerado pela paixão inútil, dali para diante vivendo na esperança louca de que um dia, não importava quando, a Firmina seria sua.
Foram 51 anos de espera até que o milagre aconteceu.
O doutor Urbino, sem se dar conta de que o tempo passara, subiu numa cadeira de equilíbrio instável para resgatar um louro que fugira da gaiola e se empoleirara num galho de mangueira.
A queda foi súbita e fatal.
Era uma vez o doutor Urbino, estatelado no chão,
com o pescoço quebrado...