"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



terça-feira, 28 de junho de 2011

Pessoal e intransferível...


Não importa quantos erros, descompassos, projetos preteridos, corpos suados em nossa cama tenham acontecido.
Não importa se ele foi triste, monótomo ou irrealmente agitado.
Não importa o montante de dinheiro ganho e gasto inutilmente.
Quando se ama alguém, inclusive a si mesmo, e se aceita outra pessoa fazendo parte do seu cotidiano e escrevendo a quatro mãos o diário imaginário da vida, aceita-se também a história pregressa, tudo o que não presenciamos, de que temos ciúmes ou raiva.
Tudo que é alheio a nós.

O passado, em cada ínfimo detalhe, é o responsável por quem somos hoje... e se existe amor nesse instante é porque esse alguém trilhou por cada passo sórdido ou sem importância de sua biografia.
É porque esse alguém existe e já existia antes de entrar em sua vida.
Antes de você entrar na vida dela... e como é duro admitir, no alto vôo de nosso egocentrismo, que somos preteríveis, substituíveis.
Que a primavera não vai atrasar nem o céu desabar no momento do nosso distanciamento.

É difícil lidar com o passado de quem amamos porque é então que enxergamos com crueza a relatividade de nossa importância, notamos que o amor hoje dedicado a nós já pertenceu a outros.

O passado é sagrado e deve ser tratado com respeito e com um distanciamento cordial para não cairmos no poço fundo da nostalgia.

O passado é a única coisa que realmente nos pertence.