"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 24 de março de 2011

Preliminares


O mundo seria muito melhor se os homens só adquirissem o direito de ter "pau" depois de aprender todas as possibilidades eróticas da língua e dos dedos.
Antes de mais nada: essa não é uma crítica ao falo. De forma alguma.
Ele é útil, a gente usa e gosta. Bastante.
É realmente envaidecedor vê-lo reagindo aos nossos estímulos e se transformando de tímido e assustado em suntuoso e implacável.
Aliás, só uma coisa dá mais tesão numa mulher do que causar tesão: ser excitada.

E aqui entra a língua e os dedos. Literalmente. Esqueça o magnânimo priapo por uns instantes. Acredite se quiser, mas não somos uma seqüência de buracos dispostos ao seu bel-prazer (eles também servem ao nosso).

E é exatamente assim, bonecas infláveis, que nos sentimos quando não somos devidamente investigadas, quando tratadas feito pizza fria: comida às pressas.
Temos pele, cabelos, pernas, braços, virilha, uma série infindável de territórios pouquíssimos explorados pela maioria dos machos e, vou te contar, é uma delícia sentir a mão de um homem passando por nossas coxas infindável ultrapassando a barreira do elástico do sutiã, puxando de leve o cabelo perto do pescoço. Os dedos percorrendo a pele fininha do nosso seio, a língua tocando a orelha - mais do que o carinho em si, esses gestos traduzem a dedicação, o envolvimento com nosso corpo. E é aí que nos sentimos vistas, exploradas, únicas. E então nos invade a vontade incontrolável de virarmos a mais competente das devassas, utilizarmos sabiamente sua ereção e fazê-los (e a nós também, claro) gozar feito loucos.
O melhor círculo vicioso do universo.

Depois de vislumbrar a miríade de possibilidades que o encontro de dois corpos (inteiros) nos reserva, beira o impossível compreender qual o raciocínio tortuoso que leva um homem a resumir o sexo ao bate-estaca.

Não tiro o mérito da penetração porque, serei justa, é um momento crucial na transa. Se sexo fosse cardápio, meu pedido seria o combo número 1: língua + dedos + fala. A ausência de qualquer um dos itens causa a mesma sensação de ir ao Mc Donald's e não pedir refrigerante e batata frita: parece que nem estivemos lá.

Ser penetrada é crucial, gostoso, íntimo, invasor, impactante. Mas, se isso fosse suficiente pra satisfazer as mulheres, vocês teriam, há milênios, sido substituidos pelos pepinos.
MULHER QUE SE VIRE: Eles estão pouco se importando com o orgasmo feminino.
Se somos assim tão independentes, a gente que se resolva?
Se gostamos tanto de dedo e língua, por que não viramos lésbicas?
Ora, ora, que imaturo dizer essas besteiras.

Amigo, se você transa com a única intenção de botar pra dentro, sugiro que desista dessa coisa chata, repetitiva e reclamona chamada mulher e entregue-se sem culpa ao reino vegetal: bananeiras e mamão morno são ótimas opções: macios, molhadinhos, não conversam depois de transar, não pedem pra ficar abraçados, nem questionam seus sentimentos por eles.
Fácil e econômico.

A verdade é uma só: homem que não curte preliminares não gosta de mulher, gosta de buraco.
Sendo assim, que tal um tórrido momento a dois com uma estonteante mesa de sinuca?
Hein???