"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 28 de março de 2011


Em “Click”, a trama toda gira em torno de um controle remoto universal... Na verdade um objeto desejado pelo personagem de Sandler, arquiteto ocupado que sempre que está em sua casa confunde-se ao manipular os diversos controles remotos que acionam a televisão, o aparelho de som, o ventilador de teto, o portão da garagem.

“Click” tem a intenção de nos fazer rir em vários momentos, mas quer ir além da piada escrachada, do riso debochado ou mesmo do sorriso amarelo que as comédias por vezes nos provocam.

Há uma preocupação evidente no roteiro de nos colocar em contato com situações que poderiam acontecer no cotidiano de qualquer um de nós. E o mais importante é que essas questões referem-se à forma como nos relacionamos com o tempo e com as pessoas, especialmente com aquelas pessoas que realmente nos são caras e muito especiais e que, tantas vezes, parecemos não perceber...

O personagem de Sandler persegue insistentemente o sucesso profissional. Não se trata, segundo o arquiteto vivido pelo ator, de chegar ao topo apenas por valorização pessoal, como uma forma de inflar o próprio ego, como acontece com tanta gente que conhecemos. O que ele busca realmente é valorização profissional e, como conseqüência disso, mais e melhores rendimentos.

Com isso, acredita poder dar a sua família o conforto e as benesses materiais que nunca teve e que seriam indispensáveis ao que ele pensa ser “qualidade de vida”. Sacrifica dessa maneira o tempo matando-se de trabalhar e estando ausente da vida familiar mesmo quando está em casa.

Isso significa que trabalhar e prosperar na carreira não são causas justas pelas quais devemos lutar? Não, em absoluto. Não é isso que o articulista que vos fala pretende fixar como idéia trabalhada no filme em questão. Seguindo a ótica do capitalismo que se estabeleceu no Planeta com todo o vigor a partir da Idade Moderna, não se deixa tão facilmente de lado a idéia de que “o trabalho enobrece o homem”.

O que o filme “Click” traz a tona é a preocupação que devemos ter quanto ao que nos move ao trabalho, a produção, ao sucesso em nossas carreiras... E é nesse ínterim que surge a imagem forte e consolidada da família (tão desgastada nessa nossa época em que tudo é descartável) como sendo o principal motivo de todo e qualquer trabalho que seja desenvolvido por alguém.

Você não tem tempo para seus filhos?
Já não dispensa a mesma atenção a seu cônjuge?
Liga pouco ou quase nunca para seus pais?
Esqueceu-se dos irmãos?
Não visita tios ou avós há um longo período?
E sempre se desculpa dizendo que não há tempo disponível para isso já que tem que se dedicar à carreira e ao sucesso dos empreendimentos em que está envolvido...
Está na hora de rever seus princípios e filosofia de vida antes que seja tarde demais...
“Click” nos faz pensar a respeito disso!

                                                              (João Luís de Almeida Machado – site Planeta Educação)