"(...) Um casal permanecerá unido pelo resto da trajetória no momento em que um perdoar o outro pelo pum na cama.
É perdoar, não tolerar.
É simular que não se ouviu ou não sofreu com o cheiro.
A distração é estratégica, inibe o avanço dos maus modos.
Apenas quem ama se controla. É capaz do mais alto sacrifício respiratório.
No instante do estalo, finge-se de estátua.
Não pensa em nada e espera que o ar do quarto se renove naturalmente.
É evidente que nossa companhia já estará envergonhada.
Não precisamos notificar ou lembrar na manhã seguinte.
Desde a escola não existe culpado pela flatulência.
Suportar o ronco do marido ou da esposa ajuda a chegar
às bodas de cristal (15 anos).
Mas silenciar diante do incômodo ruído é garantir as bodas de prata, de pérola, de coral, de rubi, de platina, de ouro, toda a riqueza interior, é tomar de assalto a joalheria inteira de aniversários.''