"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



segunda-feira, 25 de outubro de 2010


Pior do que ciúme é a falta de ciúme.
A indiferença é uma doença muito mais grave.
Alguém que não está aí para o que faz ou não faz,
para onde vai e quando volta.
De solidão, chega a do ventre que durou nove meses.

Tão cansativa essa mania de ser impessoal no relacionamento, de ser controlado, de procurar terapia para conter a loucura.
Loucura é não poder exercer a loucura.

Permita que sua companhia seja temperamental, intensa, passional.
As consequências são generosas.
Ela suplicará o esquecimento com mimos, sexo e delicadeza.
O perdão é sempre mais veemente do que o rancor.

Repare que no início do namoro todos são descolados,
independentes, autônomos.
Aceitam ménage à trois, swing e Chatroulette.
Não caia, é disfarce, medo puro de desagradar.

Se minha namorada arde de desconfiança, agradeço.
Surgirá a certeza de que se importa comigo.

A vontade é abraçá-la com orgulho e reconhecimento,
como um aniversário secreto.
Às vezes ela cumpre seu ciúme, às vezes ela satisfaz um capricho e atende minha expectativa de ciúme.
O importante é que não falha.

Com uma mulher ciumenta ao lado nunca estaremos isolados, nunca estaremos tristes,
nunca estaremos feios.
Deixo que ela mexa em meu Orkut, deixo que ela leia meus e-mails e chamadas no celular, deixo que ela cheire as minhas camisas, deixo que ela veja meus canhotos e confira os cartões de crédito (com sua revisão, nem dependo de contador, é improvável um engano nas faturas).

Facilitarei o acesso às máquinas, devidamente abertas e ligadas em cima da mesa, e tomarei banho para não incomodar.
No jantar, esclarecerei qualquer dúvida.

Perigoso é não responder e deixar a namorada imaginar.
Entre a realidade e sua fantasia, mil vezes contar o desnecessário.
Estarei em lucro.
Não faço nem metade do que ela pressentiu.