"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



quinta-feira, 29 de julho de 2010



“Eu tenho problema de pânico.
Por pânico entendo momentos em que tive a plena certeza de que iria desintegrar em praça pública, nua, e pessoas enviadas do inferno tirariam a minha pele com giletes podres para vender numa feira macabra.
E eu estava apenas comprando pão na padaria ao lado
de duas senhorinhas e uma criança.

Sim, eu tenho esse problema.
Não tenho orgulho, mas também não tenho vergonha.
Só acho, confesso, que susto pela vida não dá em gente besta.
E eu sou bem esquisita, mas definitivamente não sou besta.
E apesar de viver dizendo que não, gosto pacas de mim quando consigo.

Não é sempre que a coisa dá, mas é como se fosse:
o pânico é um eterno medo do primeiro pânico.
Você passa inexplicavelmente mal
(ou muito explicavelmente se quiser entender)
uma vez e depois apenas convive com a certeza de que pode,
uma vez que já pode, quase não morrer novamente.
E de fato a coisa volta. E volta. E volta.
E quando não volta, simplesmente está.
Quem tem a coisa estranha, tem a coisa estranha sempre,
a diferença é que quando estamos ou queremos estar bem, viver distrai.
E pra mim, aprendi recentemente, viver é exatamente isso:
se distrair do medo que dá pensar em viver.”


O texto original é enorme, achei desnecessário postá-lo inteiro.
O motivo dele estar aqui é que sou uma “ex-paniquete”.
Ex, com algumas sequelas... algumas limitações que não me impedem em nada de (sobre)viver normalmente.
Se é que posso achar normal ter medo de voltar a ter medo. (???)

Comumente, as pessoas têm medo de voar de asa delta... saltar de para-quedas, pular de bungee jumping e outros (tantos) esportes radicais.

Eu não...
Gosto de correr riscos!
Quer coisa mais arriscada do que amar?

Amar é como saltar numa queda livre sem rede de proteção.

E isso é o que faço de melhor
... mesmo tendo consciência do que pode acontecer.

Nada tão bom quanto esse frio na barriga!!!