"Ando no rastro dos poetas, porém descalça... Quero sentir as sensações que eles deixam por ai"



domingo, 20 de junho de 2010


"Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura...
Essa intimidade perfeita com o silêncio...
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos,
essa capacidade de rir à toa.
Resta essa distração, essa disponibilidade,
essa vagueza de quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar, de transfigurar a realidade,
dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é,
(...) e essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto,
esse eterno levantar-se depois de cada queda,
essa busca de equilíbrio no fio da navalha,
essa terrível coragem diante do grande medo,
e esse medo infantil de ter pequenas coragens."