"Ninguém engole sapo de livre vontade.
Engole porque não tem outro jeito.
Tem sempre alguém que nos obriga a engolir o sapo, à força.
A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente nunca mais esquece.
Diz a Adélia que “aquilo que a memória amou fica eterno”.
Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande sertão.
Conversa de jagunços matadores.
Diz um: “Mato mas nunca fico com raiva.”
Retruca o outro, espantado: “Mas como?”
Explica o primeiro: “Quem fica com raiva leva o outro para a cama.”
É isso.
A gente leva para a cama a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo.
A raiva também eterniza as pessoas.
Não adianta falar em perdão.
A gente fica esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo."